Inadimplência atinge em abril maior nível desde 2000

A inadimplência média dos empréstimos livres atingiu 5,2% em abril, ante os 5% observados em março, informou hoje o Banco Central. Os dados divulgados pela autoridade monetária mostram que o porcentual das dívidas com atraso superior a 90 dias chegou ao maior nível desde outubro de 2000, quando o indicador estava em 5,3%.

O aumento da inadimplência no mês passado foi liderado pelas operações voltadas às empresas, cujo indicador passou de 2,6% em março para 2,9% em abril, no nível mais alto desde maio de 2001, quando estava em 4,2%. Entre as várias linhas de crédito destinadas às empresas, chama a atenção o aumento da inadimplência no desconto de notas promissórias, que passou de 3,3% em março para 4,3% em abril. No desconto de duplicatas, o nível de atraso passou de 7% para 7,7%, na mesma base de comparação.

No segmento das pessoas físicas, a trajetória foi contrária e a inadimplência caiu de 8,4% para 8,2% em abril, retornando ao nível de janeiro deste ano.

Juros

A taxa média de juros no crédito livre atingiu em abril 38,6% ao ano, ante 39,2% ao ano em março, segundo o BC. Com a queda, a taxa se consolida abaixo dos níveis praticados durante a fase mais aguda da crise financeira internacional, iniciada em setembro de 20089, já que é a mais baixa desde junho do ano passado, quando estava em 38%.

No mês passado, a taxa para pessoa física ficou em 48,8% ao ano, ante 50,1% em março, e é a mais baixa desde maio de 2008. Na pessoa jurídica, a taxa em abril ficou praticamente estável ante março, com recuo de 0,1 ponto porcentual, para 28,8% ao ano. A taxa para as empresas ainda está acima da verificada em setembro de 2008, quando era de 28,3%.

Crédito

O estoque de crédito do Sistema Financeiro Nacional cresceu 0,4% em abril ante março, de acordo com dados divulgados hoje pelo Banco Central. Em valores nominais, o estoque passou de R$ 1,243 trilhão para R$ 1,248 trilhão. No acumulado dos quatro primeiros meses de 2009, o crédito cresceu 1,7% e, nos últimos 12 meses até abril, a alta é de 22,6%.

Em proporção ao Produto Interno Bruto (PIB), o estoque de crédito passou de 42,5% em março para 42,6% em abril. O saldo de crédito com recursos livres cresceu 0,5% em abril ante março, totalizando R$ 876 bilhões. Os créditos com recursos direcionados no mês passado subiram 0,4%, atingindo R$ 372,5 bilhões.

Spread

O spread bancário das operações de crédito com recursos livres caiu 0,3 ponto porcentual em abril ante março, ficando em 28,2 pontos porcentuais ao ano. A taxa do mês passado é menor do que a verificada em outubro de 2008, mas ainda está acima dos 26,4 pontos verificados em setembro daquele ano. Spread é a diferença entre o custo pago pelo banco para captar recursos e o juro que ele cobra dos clientes.

Para pessoa física, o spread bancário recuou 1,3 ponto porcentual de março para abril, atingindo 38,5 pontos porcentuais. Mas nas operações para pessoa jurídica, o spread aumentou, passando de 18 pontos porcentuais em março para 18,3 pontos porcentuais em abril. No acumulado dos últimos 12 meses até abril, o spread bancário geral aumentou 3,2 pontos porcentuais. Já os spreads de operações para pessoas físicas e também para jurídicas tiveram elevação de 3,9 pontos porcentuais. A diferença dos volumes das operações de pessoa física e jurídica explica o fato de variação geral ter sido inferior às variações por segmento.

O prazo médio das operações de crédito livre recuou de 368 dias para 366 dias. Na pessoa jurídica, o prazo caiu de 281 dias para 274 dias, enquanto na pessoa física, o prazo aumentou de 488 dias para 491 dias.