IIF: sistema financeiro precisa diferenciar emergentes

A necessidade de reforma do sistema financeiro global foi defendida hoje por banqueiros que fazem parte do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), mas com uma ressalva: não se pode colocar as mesmas regras para economias avançadas e emergentes. “É preciso levar em conta que muitos mercados emergentes já possuem um sistema financeiro mais conservador do que o dos países avançados”, disse o diretor-gerente do IIF, Charles Dallara, durante entrevista coletiva, em Washington, junto com representantes do conselho para mercados emergentes do IIF, que funciona como uma espécie de Federação Brasileira de Bancos (Febraban) mundial.

Para Dallara, os bancos dos emergentes não foram duramente afetados pela crise, ao contrário dos europeus e norte-americanos, porque já possuem, em muitos casos, como o do Brasil, altas taxas e regras mais rígidas e não faria sentido simplesmente impor mais taxas em cima das que já existentes.

Isso poderia trazer desvantagem aos bancos dos emergentes e poderia estimular arbitragem financeira, favorecendo as instituições dos países desenvolvidos. “O que pode ser essencial às economias avançadas pode não ser completamente apropriado para os mercados emergentes, que têm características específicas”, disse.

O diretor-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Khan, criticou ontem a oposição de alguns países a uma taxação global de instituições financeiras. Segundo ele, a não aplicação das mesmas regras em alguns países poderia estimular a arbitragem no sistema financeiro, favorecendo os emergentes, por exemplo.

Nesta semana, o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, disse que os bancos brasileiros já são taxados mais do que os bancos dos países desenvolvidos, são menos alavancados e com regras mais rígidas do que as do sistema financeiro dos países desenvolvidos, que foram o epicentro da crise. Portanto, não precisam ser mais taxados do que já são.

No entanto, Dallara deixou claro que os bancos são favoráveis a uma coordenação global do sistema financeiro, liderada pelo G-20, que possibilite uma supervisão mais severa do gerenciamento de riscos. Ele disse também ser essencial permitir que grandes instituições possam declarar falência e sair do mercado. “Uma reforma é essencial, mas deve ser feita com muito cuidado”, ressaltou Dallara.

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