IGP-M registra deflação de 0,26% em maio

Rio

– O Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) fechou maio em -0,26%, primeira deflação nos últimos 47 meses. Em maio de 1999, a taxa foi de -0,29%. O resultado foi influenciado pela queda de 1,11% nos preços no atacado. No varejo, contudo, os preços aumentaram 0,83% – e o recuo da inflação continua lento. Para economistas, este ritmo continua sendo um problema para uma possível redução da taxa Selic.

“Pode se aproximar a data em que isso vai acontecer. Mas o problema do IPC (Índice de Preços ao Consumidor) ainda é chato. Está caindo de forma muito lenta”, disse o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros. Para o professor da PUC/RJ, Luiz Roberto Cunha, o relevante nos resultados é que “o IPC ainda está muito alto”. Segundo Cunha, o Comitê de Política Monetária (Copom) olhará para o IPC e não para a deflação do IPA (Índice de Preços ao Atacado) ou do IGP-M para decidir a taxa de juros.

Quadros preferiu não prever se poderá haver outra deflação do IGP-M em junho. Explicou, contudo, que já houve uma queda muito forte dos preços dos combustíveis e que dois terços deste efeito já foram captados. Além disso, o câmbio já caiu de maneira mais acentuada anteriormente e vem oscilando menos agora numa faixa próxima a R$ 3,00. Os principais motivos da inflação negativa no atacado foram a diminuição de preços dos combustíveis, a safra favorável e o efeito do dólar, principalmente em produtos industrializados.

Um cálculo da FGV mostra que, juntos, os grupos de combustíveis, agropecuários, matérias-primas semi-elaboradas e produtos alimentares registraram deflação de 4,23% no atacado em maio. Em 12 meses, entretanto, os combustíveis registram alta de 70%. “Produtos que acumularam altas agora puxam para baixo”, explicou. O restante dos itens pesquisados no atacado subiu 2 39%.

Há variações positivas no atacado, ainda, em bens duráveis (inflação de 0,72%), como automóveis, material de construção e máquinas e equipamentos. Em comum, os três segmentos estão com variação acumulada em 12 meses em torno de 25%, bem inferior ao restante dos produtos industriais, que registram alta de 40% desde junho, quando o IPA começou a subir mais intensamente. “São setores que fazem repasses ainda.”

No varejo, as quedas prosseguem lentamente, diz Quadros, porque os efeitos do recuo do dólar são menores, comparados ao impacto no atacado, e porque o IPC tem muitos serviços, menos afetados pelo câmbio.

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