Ibre: nova matriz macroeconômica baixou expansão do PIB

O chefe do Centro de Crescimento Econômico do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (IBRE-FGV), Samuel Pessoa, afirmou que a nova matriz macroeconômica adotada pelo governo Dilma Rousseff provocou uma redução de 0,8 ponto porcentual do ritmo de expansão do PIB nos últimos anos. Ao comparar dois períodos, um deles entre 2002 e 2009 e outro de 2010 a 2013, ele ponderou que, no Brasil, a diminuição da velocidade de crescimento foi sensível, o que está vinculado em grande parte a fatores internos.

“Nesses dois períodos, o mundo registrou uma redução da expansão de 3,9% para 3,3%, na América Latina o patamar baixou de 4,1% para 3,4% e, no Brasil, variou de 4% para 2%”, destacou. Dessa queda de 2 pontos porcentuais da velocidade de expansão do PIB destacada no Brasil, Pessoa apontou que pode ser dividida da seguinte forma: 0,8 ponto porcentual causado pela crise internacional, 0,6 ponto porcentual foi motivado pelo “esgotamento do fator trabalho” e 0,8 ponto porcentual devido à adoção da nova matriz macroeconômica.

Segundo ele, a nova matriz tem as seguintes características: “alteração do regime de câmbio flutuante para fortemente administrado, certa tolerância à inflação, adoção de artifícios para atingir a meta de superávit primário e tentativa de baixar na marra a taxa de juros”, disse. “Também teve importância a expansão do papel do BNDES com forte discricionariedade na concessão de empréstimos para setores favorecidos, uma tendência a fechar a economia ao comércio internacional e mão pesadíssima no setor elétrico, cujos resultados começamos a sentir”, destacou. “E o governo não entendeu que controlar preços não segura a inflação”, disse.

De acordo com Pessoa, boa parte do crescimento médio de 4% registrado na era Lula foi obtida graças a adoção de “reformas liberalizantes” pela administração de Fernando Henrique Cardoso. “Eu afirmo que na economia do País houve um período Malocci, que foi a junção da gestão na Fazenda de Pedro Malan com Antônio Palocci”, apontou. Ele fez os comentários durante palestra proferida na FGV-SP

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