O governo quer usar a licitação internacional dos caças supersônicos para derrubar restrições à entrada de produtos brasileiros em outros países.
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sérgio Amaral, afirmou hoje que a decisão sobre a escolha dos aviões será da Força Aérea Brasileira (FAB). Segundo Amaral, o ministério apenas presta assessoria em algumas questões técnicas e de política industrial.
O ministério analisa as contrapartidas oferecidas pelos países cujas empresas disputam a licitação.
A concorrência é disputada por indústrias aeroespaciais dos Estados Unidos, França, Inglaterra, Suécia e Rússia. ?Estamos dando assessoria, mas todo o processo está sendo conduzido pela FAB e está acontecendo dentro do cronograma previsto?, explicou ele.
Amaral afirmou que são infundadas as notícias de que ele teria sugerido mudanças de rumo na licitação para privilegiar as compensações comerciais em detrimento da transferência de tecnologia aeroespacial dos grupos estrangeiros. ?Essas histórias são infundadas. Não passam de rumores e especulações e mostram que a grande novidade, talvez, seja o governo estar conseguindo manter em sigilo o resultado da licitação?, afirmou.
Amaral explicou que o processo de escolha dos aparelhos tem três componentes de avaliação. O primeiro é a qualidade dos caças, que caberá à Aeronáutica decidir. O segundo passa pelo deslocamento tecnológico e compensações comerciais.
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio participa das discussões sobre o último item. O terceiro componente, completou o ministro, é preço e condições de financiamento. Nesse caso, informou, cabe à FAB e ao Ministério da Fazenda avaliarem. Amaral acredita que a escolha do vencedor acontecerá em reunião do Conselho de Defesa Nacional, presidido pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.
A disputa envolve um contrato no valor de US$ 700 milhões para a compra de aviões com a velocidade maior que a do som, armados com mísseis e radares de longo alcance.