Governo quer subir juros de novo

Brasília

– A necessidade de aumento dos juros para controlar o avanço da inflação não é unanimidade apenas no mercado financeiro. No governo, também cresce a avaliação de que um novo aperto monetário pode ser necessário para trazer a inflação de 2003 para uma taxa em torno pelo menos de 7%, nível já acima do teto da meta (6,5%) estabelecida para o próximo ano. A divulgação do IPCA de novembro, que ficou em 3,02% – o maior índice desde julho de 1994 – reforça essa análise.

“Existe claramente uma percepção de que o Banco Central está atrás da curva, ou seja, reagindo a um movimento de alta dos preços e de piora das expectativas que já aconteceu”, avalia um economista do governo. A discussão, neste momento, estaria na definição do porcentual de elevação dos juros. As apostas consideram um aumento da Selic entre dois e três pontos porcentuais. “Não dá para ser menor”, avaliam fontes da equipe econômica.

A indicação da nova equipe econômica pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, também contribuirá para a reversão das expectativas. As fontes consultadas pela Agência Estado acreditam que parte da instabilidade do mercado está relacionada ao desconhecimento do nomes da nova equipe de governo, bem como às incertezas sobre como o próximo governo atuará no controle da inflação.

Integrantes da equipe econômica estão convencidos de que está ocorrendo uma “remarcação preventiva”, numa reação a essas incertezas. Esse comportamento pode ser alterado, no entanto, com a “boa indicação” de nomes do novo ministério e da equipe do Banco Central, além da correção dos juros. “Essas ações garantirão um espaço para o recuo do movimento atual de pressão inflacionária.”

Esses economistas consideram ainda que o aumento dos preços internacionais de produtos alimentícios está contribuindo para pressionar os preços internamente.

A possibilidade de elevação das taxas de juros na próxima reunião do Copom, segundo ainda fontes consultadas pela Agência Estado, não deverá jogar o País em uma recessão. “O nível de atividade não está tão deprimido”, afirmam. O aperto monetário certamente provocaria uma diminuição da estimativa de crescimento econômico em 2003, mas não a ponto de colocar a economia em recessão, na avaliação dos economistas do governo. Eles trabalham com a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em torno de 1,5% no próximo ano.

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