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Quer ser um gênio? Veja como treinar o cérebro para ser mais inteligente

A inteligência pode ser analisada de diversas maneiras (Imagem: sdecoret | Shutterstock)

A inteligência é uma capacidade que boa parte das pessoas deseja desenvolver. Afinal, a partir dela é possível compreender, raciocinar e interpretar informações para se adaptar às mudanças da vida e alcançar objetivos.

No entanto, essa habilidade é um tanto quanto ampla, e para aprimorá-la é importante conhecer alguns conceitos, como explica o Dr. Fernando Gomes, neurocirurgião, neurocientista e professor livre docente da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

“A inteligência humana é multifacetada e pode ser analisada de várias maneiras, subdivida por tipos, os quais são mais aflorados em uma pessoa do que em outra, e é bem particular de cada um”, diz o especialista.

Teoria das inteligências múltiplas

Entre os diversos tipos de inteligência, uma das teorias mais conhecidas é a das inteligências múltiplas, desenvolvida pelo psicólogo Howard Gardner. Segundo ela, existem diferentes tipos de inteligência, sendo elas:

1. Inteligência lógica/matemática

Este tipo de inteligência confere ao indivíduo a capacidade de confrontar e avaliar objetos e abstrações, discernindo as suas relações e princípios. Trata-se da habilidade para raciocínio dedutivo e para solucionar e lidar com números.

Matemáticos, estatísticos, cientistas e filósofos possuem esta característica de forma exacerbada. Um excelente exemplo de ser humano dotado deste tipo de inteligência privilegiada foi Albert Einstein, que desenvolveu a teoria da relatividade, sendo inclusive agraciado com o prêmio Nobel.

2. Inteligência linguística

Caracteriza-se por um domínio e gosto especial pelos idiomas, dialetos e palavras e por um desejo em explorá-los. É predominante em poetas, escritores e linguistas. Em nosso meio, podemos enumerar nomes como Carlos Drummond de Andrade, Monteiro Lobato, entre tantos outros.

3. Inteligência musical

Confere habilidade para compor e executar padrões musicais, em termos de ritmo e timbre, mas também escutar e discerni-los. Pode estar associada a outras inteligências, como a linguística, espacial ou corporal-cinestésica. É predominante em compositores, maestros, músicos e críticos de música, como Beethoven, Mozart, Hermeto Pascoal.

4. Inteligência espacial

Trata-se da capacidade de compreender o mundo visual com precisão, permitindo transformar, modificar percepções, recriar experiências visuais ou, até mesmo, sem estímulos físicos. É predominante em arquitetos, artistas, escultores, cartógrafos, navegadores e jogadores de xadrez, por exemplo, Michelangelo, Antoni Gaudí e Oscar Niemeyer.

5. Inteligência corporal-cinestésica

Expressa-se pela capacidade de controlar e orquestrar movimentos do corpo. É predominante entre atores e aqueles que praticam a dança e esportes. Alguns nomes se destacam, como Neymar e Michael Jackson.

6. Inteligência intrapessoal

Caracteriza-se pela capacidade de se conhecer e ser mais desenvolvida em escritores, psicoterapeutas e conselheiros, como Sigmund Freud.

7. Inteligência interpessoal

É a habilidade de entender as intenções, motivações e desejos dos outros. Encontra-se mais desenvolvida em políticos, religiosos e professores, como Nelson Mandela e Gandhi.

8. Inteligência naturalista

É caracterizada pela sensibilidade para compreender e organizar os objetos, fenômenos e padrões da natureza, como reconhecer e classificar plantas, animais, minerais e seus componentes. É uma característica comum de biólogos, geólogos e arqueólogos. Charles Darwin é exemplo desse tipo de inteligência.

9. Inteligência existencial

Abrange a capacidade de refletir e ponderar sobre questões fundamentais da existência. É característica de líderes espirituais e de pensadores filosóficos, como Chico Xavier.

Duas mulheres sentadas conversando e olhando para uma prancheta
Teste de QI ajuda a medir a capacidade cognitiva de cada pessoa (Imagem: PeopleImages.com – Yuri A | Shutterstock)

Como medir a inteligência?

Para medir a inteligência, o Dr. Fernando explica que os testes de QI (Quociente de Inteligência) são um dos métodos mais conhecidos. Eles envolvem uma série de perguntas ou tarefas para avaliar algumas habilidades cognitivas, como raciocínio lógico, resolução de problemas, habilidades matemáticas e verbais. O resultado é um número que representa a pontuação de QI, sendo:

  • Acima de 130: superdotação;
  • De 120 a 129: inteligência superior;
  • De 110 a 119: inteligência acima da média;
  • De 90 a 109: inteligência média.

“Há ainda testes de aptidão específica que servem para medir habilidades em áreas particulares, como matemática, linguagem, ciências etc., ou entrevistas e observação comportamental das situações do dia a dia. São avaliações feitas por especialistas em neuropsicologia e neurociência que irão medir habilidades interpessoais, habilidades sociais, autocontrole emocional e realizarão exames neuropsicológicos para avaliar o funcionamento cognitivo, identificando áreas específicas do cérebro associadas a diferentes habilidades”, explica.

Segundo ele, realizar esses testes pode ser algo positivo. “Assim, fica mais fácil uma pessoa usar as inteligências que estão mais abundantes a seu favor ao invés de ‘quebrar a cabeça’ tentando melhorar aquelas que podem não ser a especialização”, diz o especialista.

Fatores que comprometem a inteligência

O médico afirma que existem fatores que podem comprometer a inteligência, seja ela qual for a mais abundante em cada pessoa. Isso inclui:

  • Genética, determinante nas capacidades cognitivas de uma pessoa;
  • Ambiente familiar;
  • Educação;
  • Alimentação;
  • Exposição a toxinas e substâncias nocivas (chumbo, mercúrio, álcool e drogas ilícitas, que podem prejudicar o desenvolvimento do cérebro);
  • Traumas e situações de estresse;
  • Problemas de saúde mental (depressão, ansiedade, transtorno de déficit de atenção, hiperatividade e outros).

Táticas para desenvolver a inteligência

Se de um lado há fatores que comprometem a inteligência, do outro existem táticas que podem ser trabalhadas para melhorar a cognição de modo geral. “Os exercícios físicos praticados de maneira regular ajudam a aumentar o fluxo sanguíneo para o cérebro, promovem o crescimento de novas células cerebrais e melhoram a plasticidade cerebral. Se estiverem aliados ainda a uma dieta balanceada, rica em antioxidantes, ácidos graxos ômega 3, vitaminas e minerais ajudam ainda mais a promover o estímulo mental, que pode ser potencializado por pequenos desafios cerebrais […]”, afirma o médico.

O Dr. Fernando Gomes ainda alerta para a qualidade do sono como algo crucial para a consolidação da memória e para o funcionamento cognitivo. “No mais, ainda é importante gerenciar o estresse por meio de boas práticas, como meditação, ioga e técnicas de relaxamento. Além de cultivar o aprendizado contínuo com novas experiências, leituras, cursos, desafios intelectuais e manter a interação social com outras pessoas, que pode ajudar a enriquecer o pensamento e promover a criatividade”, finaliza o neurocientista.

Por Mayra Barreto Cinel