Governo não negocia e crise se agrava na Argentina

A circulação de mercadorias na Argentina está paralisada devido aos bloqueios dos transportadores de cereais, que não têm trabalho nem salário há três meses, por causa do conflito entre campo e governo da presidente Cristina Kirchner. Os supermercados avisam que as prateleiras vão ficar vazias. O governo endurece sua posição e os produtores rurais afirmam que continuarão com os protestos. A falta de diálogo, de negociação entre governo e campo já dura três meses e piora a cada dia. Cristina e seu marido Néstor Kirchner preferem endurecer o discurso.

Mal chegou de Roma, onde participou da conferência da FAO e fez compras na exclusiva joalheria Gianni Bulgari e roupas de cama e mesa na loja Pratesi de acordo com o jornal italiano "Corriere della Sera", Cristina qualificou os produtores de avarentos e os acusou de terem mais dinheiro do que o setor automotivo. Depois do discurso, a perspectiva de trégua nos protestos ficou mais difícil.

No país, onde 95% da população se diz católica, a Igreja cumpre um papel importante. Por isso, todos seus bispos e demais autoridades eclesiásticas se reuniram para emitir um comunicado pedindo gestos de grandeza do governo e revisão da estratégia para solucionar a grave crise em que se encontra o país. Em uma atitude inédita da Igreja, toda sua cúpula participou de uma entrevista coletiva à imprensa e o cardeal Jorge Bergoglio respondeu às perguntas dos jornalistas.

O governador de Santa Fé, o socialista Hermes Binner, também reuniu todos os prefeitos de sua província, uma das maiores produtoras do país e a mais prejudicada pelos bloqueios dos caminhoneiros, para pedir ao governo o mesmo que a igreja. "Um gesto de grandeza que permita remover os obstáculos que geraram a situação" e que a presidente Cristina Kirchner abra um diálogo sério. Binner solicitou que o governo convoque o Conselho Nacional Agropecuário Ampliado para avaliar o conflito e propor um acordo sobre um plano setorial com todas províncias.

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