Impacto negativo

Geadas deixam prejuízo em lavouras de milho, trigo e café no Paraná

As fortes geadas registradas quarta-feira e quinta-feira (24 e 25) em praticamente todo o Estado vão influenciar o resultado das culturas, como milho da segunda safra, trigo e café. Danos às pastagens podem afetar a produção de leite e carne.

O economista Marcelo Garrido, chefe da conjuntura do Departamento de Economia Rural (Deral), explica que a dimensão dos danos só será conhecida efetivamente daqui a alguns dias, porque depende do estágio das lavouras. Os técnicos do Deral irão novamente a campo para verificar o impacto da geada.

“O milho da segunda safra foi afetado pelas chuvas de junho e parte das lavouras não deve escapar das geadas dessa semana”, avaliou a engenheira agrônoma do Deral, Juliana Tieme Yagushi. Ela informou que 29% da área plantada com milho da segunda safra, que totalizou 2,17 milhões de hectares, já estava colhida antes da geada. O restante, que corresponde a 1,55 milhão de hectares plantados, cerca de 75% dessa área está em maturação, portanto deve escapar dos efeitos da geada.

Porém, cerca de 25% da área em campo, que corresponde a 387 mil hectares estão com lavouras em fase de frutificação, período mais suscetível às quedas drásticas da temperatura. Essas lavouras se concentram na região Norte.

Trigo

Nas lavouras de trigo, a situação é mais grave. O engenheiro agrônomo Carlos Hugo Godinho explicou que 940 mil hectares foram plantados com trigo no Paraná e desse total, 52% estão em fase de floração e frutificação, as mais suscetíveis aos efeitos das geadas. As lavouras nessa fase estão distribuídas nas regiões Norte, Oeste e Sudoeste do Estado.

O trigo é uma cultura que resiste a temperatura negativa, desde que esteja na fase de desenvolvimento vegetativo. “Os 48% restantes da área, cujo plantio concentra-se na região Sul, estão nessa e não devem ter problemas mesmo com as quedas drásticas da temperatura nessa região”, disse Godinho.

Café

O café é outra cultura que foi atingida pelas geadas no Norte e Noroeste do Estado. De acordo com o economista do Deral Paulo Franzini, 80% da área ocupada com café no Estado, que soma 82.300 hectares, foram atingidos. As regiões onde as geadas foram mais intensas localizam-se entre Apucarana, Ivaiporã, Londrina e Maringá. No Norte Pioneiro e no Noroeste também ocorreram geadas, mas em intensidade menor.

O resultado da cultura para este ano não deve ser afetado e está mantida previsão de produção de 1,7 milhão de sacas, sendo que metade desse volume já foi colhido. “Porém a produção de café do próximo ano poderá ser afetada, porque a geada abala o potencial produtivo da planta para a próxima safra”, explicou Franzini.

Produtores devem aproveitar as geadas para renovar os pés de café velhos. “Outros podem diminuir ou erradicar suas lavouras porque estão desanimados com a queda no preço do café. Mas acredito que não deve ser a maioria dos produtores”, enfatizou. A dimensão dos danos será feita apenas quando houver a primeira florada entre outubro e novembro.