G-20 pode ganhar relevância no combate à crise

A reunião dos ministros de finanças e presidentes de bancos centrais do G-20, encerrada neste domingo (9) em São Paulo, não conseguiu o apoio de todos os países participantes para que o grupo das 20 maiores economias seja a única instância para discussão de medidas para o enfrentamento da crise financeira global. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, “não é uma questão resolvida”, mas o G-20 é “um forte candidato” para o debate de possíveis ações para reduzir o impacto da crise.

Mantega comentou que os participantes do G-20 entendem que outras instâncias, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, também podem ajudar no enfrentamento da atual crise. Mas, na visão dos países emergentes, isso só aconteceria se houvesse maior poder para essas nações. “Não podemos atuar com inferioridade”, disse o ministro, ao comentar a posição de países como o Brasil, Rússia, Índia e China.

O representante brasileiro disse, em entrevista para comentar o resultado da reunião do G-20, que os participantes do encontro concordaram que os países devem adotar uma política fiscal e monetária anticíclica que seja adequada a cada país para combater a crise. “Quem tem mais solidez pode gastar mais”, disse Mantega.

Outra decisão é que os países de economia mais avançada devem ajudar no combate à saída de fluxos financeiros, que têm migrado das nações emergentes para os países ricos. Essa medida poderia interromper, ou até reduzir, a saída de dólares desses mercados.

Sobre a política monetária, os representantes dos bancos centrais dos 20 países demonstraram preocupação com a inflação e chegaram ao consenso de que eventuais medidas de combate à crise não devem ameaçar o equilíbrio monetário. Especificamente sobre os preços, há a expectativa de queda dos índices de inflação nas nações ricas. Nos países emergentes, porém, a desvalorização cambial pode ter reflexos nos indicadores durante o ano de 2009.

Durante a entrevista, Mantega reforçou a sugestão brasileira de que o G-20 deixe de ser uma instância de ministros e tenha a participação de chefes de Estado. O ministro da Fazenda brasileiro sugeriu também que as reuniões do G-20 passem a ser feitas pelos menos duas vezes por ano, antes dos encontros de primavera e outono do FMI. Ao lado de Mantega, estavam os representantes do Reino Unido, Stephen Timms, e da África do Sul, Trevor Manuel. Os dois elogiaram o esforço brasileiro na coordenação dos trabalhos em 2008 e foi anunciada que a presidência do G-20 em 2009 será do Reino Unido.