Fundo vai financiar a indústria do Paraná

A Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) registrou ontem na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) o Fundo de Investimento em Direitos Creditórios Fiep Industrial (FIDC). Por meio desta ferramenta, as indústrias poderão oferecer maiores prazos de pagamento, com juros menores, aos compradores de suas mercadorias e, com isso, ganharão competitividade. O diferencial é que esse fundo é uma alternativa às fontes de recursos tradicionais, bancos comerciais que trabalham com elevadas taxas de juros.

?A falta de crédito acessível e barato é o principal gargalo para o funcionamento das empresas?, disse o presidente da Fiep, Rodrigo da Rocha Loures, ao anunciar a criação do FIDC. ?Desde o início da nossa gestão estamos buscando caminhos alternativos que permitam às indústrias acesso ao crédito mais barato?, disse. Rocha Loures informou que o fundo responde a essa demanda do setor industrial. Segundo ele, com o FIDC, as indústrias terão uma redução de 60% nas operações financeiras. ?O custo do dinheiro cairá de 45% para 19% ao ano?, acredita.

De acordo com o presidente da federação, o FIDC será colocado à disposição de todas as indústrias do Paraná filiadas a um dos 96 sindicatos da base de representação da Fiep. Mas, segundo ele, serão as médias e pequenas empresas que deverão se beneficiar mais dessa alternativa de crédito. ?As grandes empresas têm mais facilidade de acesso ao crédito e de negociação junto aos bancos. São as médias e pequenas que enfrentam mais dificuldades quando o assunto é crédito?, disse.

A previsão da Fiep é que o fundo entre em operação dentro de 30 dias. Neste prazo, a Fitchratings, agência de avaliação de risco, estará anunciando a classificação obtida pelo FIDC. A expectativa da Fiep é para uma classificação excelente porque o fundo foi muito bem estruturado e tem parceiros credenciados que respaldam o produto. ?Esperamos uma classificação excelente, o que vai garantir aos investidores uma remuneração acima do CDI, um atrativo importante para a captação de recursos para o fundo. O FIDC será composto principalmente por recursos de fundos de pensão e investimentos de pessoas físicas e jurídicas acima de R$ 300 mil.

O grande diferencial deste fundo é que ele vem com o seguro de crédito embutido. Ou seja, se o cliente da indústria não pagar, a seguradora cobre esse risco. ?Criamos uma operacionalização eletrônica de oferta e seleção de títulos para suportar essas movimentações, que até então o mercado não conhecia?, explica o presidente da Fiep.

Este é o primeiro fundo multicedentes e multissacados do Brasil lançado por uma federação de indústrias. Patrocinado pela Fiep, terá vários parceiros, o Rabobank, que foi o estruturador, a Focus Finanças, a co-estruturadora, e o Banco Bradesco, como custodiante. O administrador será a Concórdia Corretora, do Grupo Sadia. Os outros parceiros são a Seguradora Mapfre, a Fitchratings, além dos escritórios jurídicos Freitas e Leite, Mattos Filho e Fbraz Advogados. A auditoria ficará a cargo da KPMG.

O objetivo geral é fomentar o desenvolvimento das indústrias do Paraná através do financiamento das suas vendas, oferecendo mais prazos aos seus clientes. Com o fundo, a indústria recebe no dia da venda e o comprador paga em 180 dias. Sem o fundo, as indústrias oferecem prazo de pagamento de, no máximo, 45 dias.

Como o Fundo de Investimento em Direitos Creditórios Fiep Industrial é patrocinado pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná, 0,2% do patrimônio líquido será destinado a ações de responsabilidade social. As ações serão gerenciadas pelo Conselho Temático de Responsabilidade Social da federação, que já atua em prol de comunidades carentes. O recurso vai fortalecer atividades já desenvolvidas na área de saúde, educação e lazer. Vai permitir também intensificar a realização de oficinas e cursos de capacitação de pessoas carentes para o mercado de trabalho. 

Voltar ao topo