Fundo Garantidor já deu R$ 7,5 bi a bancos pequenos

Os bancos de pequeno e médio portes já receberam R$ 7,5 bilhões este ano para se capitalizarem e evitar problemas de solvência – levando em conta apenas as operações de socorro com ajuda do Fundo Garantidor de Crédito, o FGC, entidade mantida pelos bancos para garantir os depósitos da clientela em caso de quebra de um banco. A operação mais recente envolve o resgate do banco Matone, comprado pelo grupo JBS, que recebeu em julho R$ 1,85 bilhão. O FGC emprestou cerca de R$ 850 milhões, o equivalente ao rombo encontrado nas contas do Matone, e o JBS capitalizou o banco com R$ 1 bilhão, para fazer o novo banco funcionar.

O banco mineiro BMG será capitalizado em R$ 1,5 bilhão, principalmente para cobrir o rombo do Banco Schahin, comprado em abril. Desse total, R$ 800 milhões entraram no capital dia 11. Segundo fontes de mercado, o dinheiro veio do FGC, que intermediou a negociação com o Schahin. O novo aporte, de R$ 700 milhões, deverá ser concluído este mês.

Discretamente, o FGC vem exercendo o papel de bombeiro que o Banco Central teve no passado, quando era preciso salvar bancos em dificuldade. A diferença é que agora o dinheiro é dos próprios bancos, que avaliam a situação, fazem as contas e assumem o risco das operações que levam adiante. O resgate do Panamericano, o maior de todos, foi autorizado pessoalmente pelos presidentes dos maiores bancos do País.

Embora não apareça na linha de frente, o BC acompanha todas as negociações. Troca informações e ideias com o FGC. Pelo menos quatro razões explicam as dificuldades dessas instituições. A primeira delas é que os empréstimos entre bancos ficaram mais difíceis desde a quebra do banco de investimentos norte-americano Lehman Brothers, em setembro de 2008. Na linguagem do setor, diz-se que a liquidez ficou mais estreita.

O segundo ponto é a dificuldade de os bancos menores venderem suas carteiras de crédito para os grandes. As instituições maiores passaram a ser mais criteriosas após o escândalo do Panamericano. A fraude contábil, que totalizou R$ 4,2 bilhões, se concentrou na contabilização das carteiras vendidas no mercado. Em terceiro lugar, bancos pequenos e médios especializados em crédito consignado perderam espaço para os grandes, que viram no segmento um filão relevante de lucros. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.