França lança ofensiva para ampliar comércio com Brasil

Não só de arte se fará o Ano da França no Brasil, que começa oficialmente hoje. Uma verdadeira ofensiva comercial será promovida em paralelo à agenda cultural. Mais de 600 empresas foram convidadas pelo Palácio do Eliseu a promover a economia francesa em 40 encontros que serão realizados entre abril e novembro, reunindo a nata do mundo empresarial da França e também pequenas e médias empresas. O objetivo é fazer as companhias do país avançarem no maior mercado da América Latina.

O viés comercial do Ano da França no Brasil é organizado pelo Ministério da Economia e pela Secretaria de Comércio Exterior, em Paris. A ideia é ampliar o número de companhias já estabelecidas no Brasil – 360, dentre as quais 35 dos 40 maiores conglomerados -, facilitando o acesso de médias, pequenas e micro empresas a mercados e parceiros brasileiros.

Até o meio do ano, a ministra da Economia, Christine Lagarde, e a secretária de Comércio, Anne-Marie Idrac, visitarão o Brasil durante eventos oficiais do Ano da França. Em setembro, o presidente Nicolas Sarkozy retorna ao Brasil, nove meses depois de sua primeira viagem oficial.

Entre as ações comerciais na agenda em 2009 estão desde feiras para divulgação de vinho, cosméticos e moda – a França terá participação especial no São Paulo Fashion Week -, até biotecnologia, informática, transportes ferroviários e aeronáuticos e indústria nuclear.

Os empresários franceses estão de olho nos investimentos públicos – em especial o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) -, e nas parcerias público-privadas (PPP) para a construção de novas usinas nucleares, do trem-bala ou para a renovação da esquadrilha da Força Aérea Brasileira (FAB), por exemplo. Produtos como os aviões Airbus e Rafale, os trens Alstom e os reatores nucleares EPR, da Areva, serão destaques das comitivas francesas.

“O Brasil é percebido como um lugar simpático e agradável, mas não como um país para negócios. Queremos mudar esta imagem”, disse ao Grupo Estado o embaixador Christophe Lecourtier, diretor-geral da Agência Francesa para o Desenvolvimento Internacional das Empresas (Ubifrance) e presidente do Conselho Administrativo da Câmara de Comércio do Brasil na França. “Até 2010, queremos voltar a dobrar o número de empresas francesas que visitam o Brasil, chegando a 1,2 mil. São os novos empresários que vão descobrir e fazer negócios.”

A ofensiva comercial do Ano da França segue o modelo da ação realizada em novembro de 2008, quando 120 empresários acompanharam Christine Lagarde ao país, às vésperas da reunião ministerial do G20. Do total de empresas, um terço, diz Lecourtier, celebrou contratos, encontrou parceiros e deu início a negócios no país. “Queremos mostrar nossa savoir-faire aos brasileiros e demonstrar aos franceses que, de um país fechado sobre si mesmo, o Brasil se tornou um ator decisivo no mundo globalizado”, explica Lecourtier. “É preciso sair dos clichês.”

Tamanho interesse se dá em função do mercado consumidor em expansão no Brasil – o governo francês avalia em 100 milhões o contingente de consumidores potenciais no País. Além disso, a evolução dos números do comércio bilateral gera otimismo no meio empresarial francês. Embora ainda tímidas – a França é o oitavo parceiro econômico do Brasil, enquanto o Brasil é o 21o da França -, as trocas entre os dois países cresceram 135% nos últimos cinco anos. No ano passado, o volume negociado chegou a R$ 7,49 bilhões, um recorde histórico, com crescimento de 12,8% no ano. O saldo continua favorável ao Brasil: R$ 448 milhões.

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