Fracassou a tentativa do Mercosul de fechar um acordo de livre comércio com Israel. Nesta quinta-feira (29), em Genebra, as delegações do bloco e do governo do Oriente Médio não conseguiram concluir o processo, como haviam previsto. Israel insistia em encerrar o acordo logo para evitar que tivesse de negociar com um Mercosul que contasse com a Venezuela. Nos últimos meses, Caracas tem atacado a política de Israel.
A negociação havia sido lançada em 2005 e, desde segunda-feira, as delegações estavam reunidas na cidade suíça com o objetivo de concluir o processo até hoje. Com o fracasso, um entendimento dificilmente será assinado neste ano. A meta tanto do Mercosul como de Israel era utilizar a cúpula do bloco em Montevidéu no dia 17 de dezembro para assinar o entendimento, que seria o primeiro tratado de livre comércio do Mercosul com um país fora da América do Sul.
O negociador-chefe do Brasil no processo, Evandro Didonet, negou que considerações políticas tenham interferido no fato de o acordo não ter sido obtido. "Foram questões técnicas que impediram o entendimento", disse.
O acordo não conseguiu ser fechado por causa da falta de um consenso sobre o ritmo do corte de tarifas. Israel pedia que alguns de seus produtos pudessem entrar no mercado do Mercosul isentos de tarifas quatro anos após a conclusão do acordo. O bloco pedia oito anos como forma de manter protegido alguns de seus setores.
O Itamaraty preferiu não revelar quais seriam esses produtos que estariam bloqueando as negociações. O governo apontou que pedidos do Mercosul em relação ao acesso a mercados também não foram atendidos plenamente. O bloco exporta essencialmente produtos agrícolas para Israel.