Fiscalização em armazéns do Porto de Paranaguá

O governador Roberto Requião determinou à Secretaria da Saúde uma rigorosa fiscalização em todos os armazéns privados de Paranaguá, para detectar a infestação de ratos nas proximidades do porto. O anúncio foi feito durante a reunião com o secretariado de ontem. “Os terminais privados serão visitados pelos fiscais da Vigilância Sanitária e quem estiver fora dos padrões será fechado, apesar do período de safra”, disse o governador.

Requião rechaçou mais uma vez as acusações de que o Porto de Paranaguá é ineficiente. “Pelo contrário. Em 2002, o porto exportou 28,5 milhões de toneladas e em 2003 o volume embarcado aumentou para 33,5 milhões de toneladas, que representaram 37% das exportações brasileiras”, afirmou o governador. “Para este ano, o porto deverá movimentar 35 milhões de toneladas de mercadorias, o que comprova sua eficiência”, completou.

Segundo Requião, “o Porto vem sendo alvo de críticas porque um processo de privatização que interessava a alguns especuladores foi evitado”. Para o governador, um porto público tem que se integrar a um processo de planejamento indicativo do desenvolvimento do Estado. “A visão do governo tem que ser mais larga que a do empresariado”, destacou.

O governador lembrou ainda que a insatisfação de alguns agentes portuários e empresários que atuam no Porto de Paranaguá iniciaram quando o superintendente Eduardo Requião passou a controlar, por exemplo, a balança do porto, que era usada para fraudar as exportações. “A balança era controlada pela iniciativa privada e muitos empresários aproveitavam para enviar volumes de carga abaixo do previsto em contrato”, disse o governador.

Outras duas medidas administrativas que provocaram irritação entre os agentes e exportadores foi o fim do transporte de soja e farelo sem que a carga estivesse efetivamente vendida, o que vinha gerando a formação de filas de caminhões no porto, e o reforço da fiscalização da carga exportada. “Com a primeira medida acabamos com a fila e com a especulação. Aumentando a fiscalização, conseguimos aumentar a qualidade do nosso produto exportado e a confiança do mercado externo”, ressaltou Requião. “A China, por exemplo, chegou a formalizar um protesto sobre o elevado grau de impurezas contido na soja comprada no Paraná, por conta das impurezas detectadas nas cargas”, completou.

Embarques diminuíram em 55%

As exportações de soja em grão pelo Porto de Paranaguá estão 55,6% menores neste ano. Foram embarcadas 488.255 toneladas de primeiro de janeiro até ontem de manhã, contra 1,099 milhão de toneladas no mesmo período do ano passado. Segundo a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), a redução foi provocada unicamente pela paralisação do porto, na semana passada, que ocorreu no auge de escoamento da safra. Dos 44 navios ao largo, 17 vão carregar soja em grão, totalizando 1,482 milhão de toneladas. Em março do ano passado, até o dia 29, foram exportadas 1,034 milhão de toneladas pelo Porto de Paranaguá.

De acordo com a Appa, se não fosse a paralisação, o volume embarcado de soja estaria superior ao do ano passado, mesmo com o forte crescimento nas exportações de milho e com a mesma quantidade de farelo de soja. Neste ano, o Porto de Paranaguá embarcou 1,585 milhão de toneladas de milho, 710,6% acima do volume exportado em 2003 (195.566 toneladas). As exportações de farelo de soja tiveram um pequeno decréscimo: de 879.293 para 854.416 toneladas. Enquanto isso, os embarques de óleo de soja saltaram 33,5%, de 263.302 para 351.522 toneladas.

Ontem, havia quinze navios atracados em Paranaguá e dois em Antonina. Dois carregavam soja em Paranaguá: o Silver Mei, com destino à Índia, com capacidade para 59,6 mil toneladas, e o Platanos, que vai para a Europa, com 50,5 mil toneladas. Nas próximas 48 horas, está programada a chegada de mais vinte navios, sendo três para soja em grão.

Pátio

O número de caminhões que descarregaram mercadorias pelo pátio de triagem do porto cresceu 22,1%, passando de 47.885, no ano passado, para 58.503. O aumento mais expressivo foi verificado na movimentação de milho: 57,8%, de 19.396 para 30.618 caminhões. No mesmo período, a quantidade de carretas com soja em grão decresceu 44,5%, de 18.826 para 10.443. Segundo a Appa, 3,5 mil caminhões passaram pelo pátio de triagem no último final de semana. A previsão é liberar uma média de mil caminhões por dia.

Ontem, os caminhoneiros ameaçaram fechar novamente o pátio de triagem, alegando que três transportadoras – duas de Mato Grosso e uma do Rio Grande do Sul – não haviam depositado o valor das diárias pelo tempo de espera na fila. O acordo fechado na semana passada entre caminhoneiros e terminais portuários fixou em R$ 0,40 o valor por tonelada/hora depois de 26 horas após a passagem pelo pedágio de São José dos Pinhais e 28 horas após a passagem pelos pedágios da Lapa e de São Luiz do Purunã.

No final da tarde, mais da metade dos 60 caminhoneiros que estavam sem receber a estadia obteve a confirmação do depósito e pode descarregar, informou o vice-presidente do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos do Paraná (Sindicam/PR), Laerte José de Freitas. “Os outros estão aguardando a liberação do dinheiro, mas a situação está se normalizando.” (Olavo Pesch)

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