Fipe: alta de combustível afetaria mais o IPC que câmbio

O efeito da alta do dólar sobre a inflação dos paulistanos está um pouco mais evidente, mas o mais temido pelo economista e coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), Rafael Costa Lima, é o de um eventual reajuste dos combustíveis. Isso porque, segundo ele, um aumento nos preços da gasolina e do diesel teria impacto muito mais disseminado na cadeia dos preços em comparação com o câmbio. De todo modo, a defasagem de baixa entre os preços internos em relação ao mercado internacional nos últimos anos também está relacionada à depreciação cambial.

“Por enquanto, o efeito do dólar é gradual e não deve ser tão elevado sobre a inflação. A principal preocupação é quanto a um reajuste da gasolina, que tem impacto direto. O câmbio pegou a Petrobras sem nenhuma folga”, avaliou o economista, ao analisar a alta de 0,22% no IPC de agosto, após queda de 0,13% em julho.

De acordo com Costa Lima, os preços de alguns produtos que têm componentes importados intensificaram o ritmo de alta da terceira para a quarta leituras de agosto no âmbito do IPC, em razão da desvalorização cambial.

No período, os equipamentos eletroeletrônicos saíram de alta de 1,14% para 2,03% no fechamento do mês. Os televisores foram de taxa positiva de 1,15% para 2,20%, enquanto a dos notebooks passou de 1,02% para 1,65%. “Geladeiras subiram 4,73% (de 3,26%). Tem o retorno da cobrança do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), mas não sei se isso explica toda a alta”, disse.

Natal

Para o economista, se o dólar ficar entre R$ 2,30 e R$ 2,40 poderá comprometer as compras de final de ano dos brasileiros. “Se esse dólar veio para ficar, deverá ter impacto, pois a cesta típica de Natal tem muitos produtos importados. Também deve atingir alguns presentes como roupas, brinquedos e eletroeletrônicos, além de gastos com viagens.”