Os caminhoneiros que foram ontem até o Porto de Paranaguá tiveram uma má surpresa. Cerca de vinte dias antes da data esperada para o escoamento da safra 2004, eles já enfrentaram uma fila de vinte quilômetros. A espera foi causada por uma combinação de fatores, que fez com que o porto carregasse os navios num ritmo mais lento.
O diretor empresarial do porto, Orcival Francisco, explicou que a chuva faz com que o carregamento dos navios seja comprometido. O navio só abre seu porão com tempo seco. Outro fator que ajudou a gerar a fila é a manutenção que está sendo feita num dos berços do porto. Normalmente é possível carregar três navios simultaneamente. Com a paralisação do berço 12, estavam sendo carregados apenas dois navios por vez.
No final da tarde de ontem o superintendente do Porto, Eduardo Requião, “determinou” que os 1.200 caminhões que estavam no pátio fossem descarregados ainda ontem e que a fila que se formava na BR-376 “tinha que acabar ainda amanhã (hoje)”. Ele acusou empresas e terminais privados de estarem “forçando” situações.
O terceiro fator que gerou a fila é o escoamento de grãos que estavam estocados. Segundo a Secretaria de Estado da Agricultura (Seab), as cooperativas estão sendo obrigadas a exportar os produtos que estavam guardados em seus armazéns, já que se aproximam as colheitas das safras de soja e de milho. A capacidade de armazenamento das cooperativas paranaenses é de 20 milhões de toneladas de grãos e a produção será de 30 milhões de toneladas. Somente o milho safrinha que estava armazenado representa 6 milhões e toneladas. O milho da safra de verão deve chegar a mais 7,3 milhões de toneladas. “O preço da soja também está bem valorizada, US$ 290 a tonelada, por isso os produtores resolveram desovar seus estoques”, revelou Francisco.
Comparativo
Nos primeiros 26 dias do ano o número de caminhões que descarregaram suas cargas em Paranaguá foi bem maior que no comparativo com o mesmo período de 2003. No ano passado, descarregaram 107 caminhões com farelo de soja, este ano foram 1.721. Com grãos de soja o número subiu de 847 para 1.095. Carregados com milho foram 1.047 em 2003 e 6.295 este ano. Pela primeira vez em seus 69 anos de história, o Porto de Paranaguá também está exportando trigo. Já descarregaram 301 caminhões trigo paranaense e mais 198 de trigo paraguaio.
Espera
Márcio Savaris é de Laranjeiras do Sul, mas estava transportando soja de Lucas do Rio Verde, Mato Grosso. Com a esposa e os dois filhos, disse estar surpreso com a fila prematura. “É muito cedo para ter fila. Agora não tenho nem previsão de quando vou sair daqui”, afirmou. Antônio Marques de Carvalho estava levando milho. Ele disse que tem 40 anos de estrada e já está acostumado com filas. “Não tenho medo e fila. Tenho medo de acidentes, principalmente porque o acostamento é estreito”, afirmou.