FGV: alta do minério puxa aumento do IGP-10 em junho

O minério de ferro mais uma vez foi destaque entre os preços pesquisados no atacado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Segundo afirmou hoje o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, a taxa maior do Índice Geral de Preços-10 (IGP-10), que saltou de 1,11% em maio para 1,30% em junho, foi influenciada principalmente pelo avanço no preço do minério, que subiu 51,84%. A alta é reflexo de um reajuste em torno de 100% promovido pela Vale em abril, segundo projeções de mercado.

Após sucessivas notícias do impacto na inflação do reajuste no preço do minério, executivos da empresa foram à imprensa criticar a utilização dos IGPs como referência para a evolução da inflação no País. Uma das críticas feitas pela Vale é que 90% do minério produzido no Brasil é exportado. E na metodologia da fundação, o produto é considerado como se fosse vendido no País.

Questionado sobre o assunto, Quadros explicou que o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que representa 60% do total dos IGPs, é um índice de preços que mensura a evolução de preços no âmbito do produtor, “independente de qual seja o destino final dos produtos”. “Essa é a lógica de se ter um Índice de Preços ao Produtor”, comentou. O técnico da FGV preferiu não comentar as críticas em relação ao uso dos IGPs como referência de inflação.

Mesmo admitindo o impacto expressivo do minério na inflação de junho, medida pelo IGP-10, Quadros fez uma ressalva. Ele comentou que, por conta do minério, os IGPs estão iniciando uma fase de desaceleração. Entretanto, o especialista não fez previsões sobre como ficaria a trajetória dos IGPs nos próximos meses, caso se confirme as notícias de um novo aumento no preço do produto.

Em abril, a Vale divulgou informações sobre mudança de condições para o reajuste do produto, que seria baseado em referências de mercado com mudanças automáticas de preços em bases trimestrais. Isso mudaria a prática anterior de promover um reajuste anual, que tem muito mais impacto nas taxas mensais dos IGPs, e diluiria a influência do aumento do minério nos desempenhos dos indicadores.

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