Feriado pode atrasar início dos abates

O feriado prolongado pode atrasar o início dos trabalhos que resultarão no sacrifício sanitário de 6.412 bovinos do Paraná, suspeitos de febre aftosa. Embora a vontade do vice-governador e secretário estadual de Agricultura e Abastecimento, Orlando Pessuti, assim como de toda a cadeia produtiva, seja de que o sacrifício comece já na segunda-feira, dificilmente o abate vai ter início antes de quarta-feira, dia 1.º. É que o sacrifício depende da contratação de máquinas para a abertura de valas.

Com exceção da Fazenda Cachoeira, em São Sebastião da Amoreira, as outras seis dependem ainda de um laudo ambiental, que será emitido pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Apesar disso, a secretaria estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab) enviou ontem no fim da tarde uma nota ao integrantes da Comissão de Avaliação, Taxação e Sacrifício, solicitando que fiquem ?de sobreaviso? durante o feriado de Carnaval.

Na Fazenda Cachoeira, que deve ser a primeira a abater o rebanho – já que tem o laudo ambiental para o sacrifício e foi feita a avaliação dos animais -, a informação era de que, até o final da tarde, nenhum maquinário havia entrado na propriedade. Além disso, conforme informação da Justiça Federal do Paraná, o advogado Ricardo Jorge Rocha Pereira não havia retirado, até o fim da tarde de ontem, a liminar que exigia o depósito prévio da indenização. O advogado se comprometeu a retirar a liminar durante a reunião dos pecuaristas na última quarta-feira, em Maringá. Com a liminar, o rebanho não pode ser abatido.

?A gente só vai para a propriedade quando todas as questões estiverem resolvidas?, afirmou o assessor econômico Gustavo Fanaya, integrante da Comissão de Avaliação, Taxação e Sacrifício do rebanho da Fazenda Cachoeira, como representante do Fundo de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná (Fundepec-PR). Segundo ele, não houve qualquer convocação para reunião dos integrantes da comissão, a não ser a nota da Seab solicitando que fique ?de sobreaviso? durante o feriado de Carnaval. ?Estou achando tudo muito mal organizado?, criticou.

O rebanho de 1.795 animais da Fazenda Cachoeira foi avaliado em R$ 1,285 milhão. Mas este valor poderá ser revisto, de acordo com Fanaya. É que, quando a avaliação foi feita, no dia 2 de fevereiro, a arroba do boi na região custava R$ 48,00, mas o preço caiu para R$ 45,00. ?Eu entendo que aquela avaliação expirou, mas é o secretário (Pessuti) quem irá decidir isso?, comentou.

No próprio Núcleo Regional da Seab, em Cornélio Procópio, a posição é de que os trabalhos não comecem antes de quarta-feira. ?O chefe do núcleo (Roberto Moreira) está fazendo as cotações. O problema é este feriado que vai atrasar tudo. Só na quarta-feira depois do meio-dia é que tem como recomeçar?, afirmou um funcionário do Departamento de Sanidade Animal.

Além disso, o prefeito de São Sebastião da Amoreira, Jorge Takasumi, negou que o governo do Estado tivesse feito qualquer solicitação de pessoal ou equipamentos como tratores e caminhões para a abertura de valas na Fazenda Cachoeira. ?Estamos priorizando o cascalhamento das estradas rurais, que foram afetadas pela chuva?, afirmou o prefeito. Takasumi disse, porém, que se houver a solicitação do governo, a Prefeitura irá atender ao pedido. ?A propriedade fica no nosso município e vamos ajudar no que for preciso.?

Outras propriedades

Nas outras seis propriedades apontadas como focos de febre aftosa pelo Ministério da Agricultura – Pedra Preta e Cesumar, em Maringá; Alto Alegre e São Paulo, em Loanda; Santa Izabel, em Grandes Rios e Flor do Café, em Bela Vista do Paraíso -, o processo pode ser ainda mais demorado. Todas elas precisam ter as áreas vistoriadas pelo IAP, que emitirá um laudo ambiental. É que os animais sacrificados precisam ser enterrados em locais apropriados para evitar a contaminação do meio ambiente. ?Só na Fazenda Cachoeira, o laudo demorou quase uma semana. É preciso levantar características do solo, o relevo e muitos outros itens?, observou Fanaya. No IAP, ninguém soube informar quando as licenças estarão prontas.

Argentina

As autoridades sanitárias argentinas anunciaram ontem a proibição da entrada de carne bovina do Estado do Paraná, onde foram confirmados novos focos de aftosa nesta semana. Desde o segundo semestre do ano passado, o governo do presidente Néstor Kirchner aplica a proibição à importação de carne do Mato Grosso do Sul, onde surgiram os primeiros focos da doença.

Definidas as comissões de avaliação e sacrifício

O vice-governador e secretário da Agricultura, Orlando Pessuti, assinou ontem a resolução que cria as Comissões de Avaliação, Taxação e Sacrifício dos animais que vão atuar nas seis propriedades apontadas como focos de febre aftosa no Paraná. Serão três equipes trabalhando simultaneamente nas seis fazendas – três representantes da Secretaria da Agricultura, três do Ministério da Agricultura, dois da Federação da Agricultura do Paraná (Faep) e quatro do Fundo de Desenvolvimento da Agropecuária (Fundepec). De acordo com o diretor-geral da Secretaria da Agricultura, Newton Pohl Ribas, a intenção com essa medida é dar mais agilidade aos procedimentos.

Pohl Ribas disse que os técnicos dos núcleos regionais de Maringá, Paranavaí e Londrina, regiões onde se localizam as propriedades, já contataram o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) para que visitem as propriedades e emitam as licenças ambientais, necessárias para a abertura das valas onde vão ser enterrados os animais sacrificados. ?O IAP tem que percorrer as fazendas, avaliar os terrenos, tipos de solos, lençóis freáticos, para depois emitir a licença. Só depois desse processo a Secretaria da Agricultura tem autorização para abrir as valas?, explicou Newton Ribas.

Também o Setor de Compras começou a licitar, nas diferentes regiões do Estado, as empresas interessadas em participar das escavações dos terrenos. ?Também já estamos providenciando as mantas impermeabilizantes, uma exigência do Instituto Ambiental, para evitar que a contaminação do lençol freático?, ressaltou Ribas.

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