Fed eleva juros dos EUA para 4,25% ao ano

O Federal Reserve (Fed, o BC americano) elevou ontem sua taxa de juros para 4,25% ao ano, mantendo a política de aperto fiscal que adotou desde junho do ano passado. O banco elevou seus juros em todas as 13 reuniões realizadas entre junho de 2004 até a de ontem.

Sinais de expansão da economia dos EUA foram abundantes nas últimas semanas: o País teve crescimento econômico de 4,3% (dado anualizado) no terceiro trimestre, viu a criação de 215 mil empregos em novembro – revertendo os resultados pífios de setembro e outubro – e acompanhou o recuo nos preços do petróleo, dos mais de US$ 70 a que chegou em setembro para o atual patamar de US$ 60, o que resultou em redução dos preços dos combustíveis.

Tanta expansão recomenda um aumento de juros, para evitar que haja surto inflacionário no País. Mesmo com o ganho de produtividade registrado no mês passado, e com a queda da iflação em outubro – o CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês) registrou alta de 0,2% em outubro nos EUA, depois do aumento de 1,2% em setembro -, o banco ainda manteve sua ?política acomodatícia?, para não comprometer o bom ritmo da economia americana.

O Fed, no entanto, tem de levar em conta um movimento que vem ocorrendo sob o manto da expansão econômica e para o qual o presidente do banco, Alan Greenspan, já vem chamando a atenção há meses: o mercado imobiliário.

Motivados pelas baixas tarifas hipotecárias, que ficaram baixas devido às baixas taxas de juros praticadas nos EUA – em junho do ano passado, quando o Fed deu inicio ao ciclo de altas, os juros estavam em 1% ao ano, menor nível desde 1958 -, os consumidores americanos aceleraram sua procura por imóveis. Os preços em alta levaram ainda mais especuladores ao mercado imobiliário.

Se continuar a elevar os juros, as hipotecas podem sentir o efeito e os preços passariam a cair; a demanda então seria afetada pelas altas hipotecas e pelos altos preços e entraria em declínio. O reflexo seria sentido por toda a economia, uma vez que boa parte dos empregos criados nos últimos anos foi impulsionado justamente pelo setor imobiliário.

Ritmo saudável

Por ora, no entanto, a economia americana caminha em um ritmo saudável: a confiança do consumidor está em alta, como mostrou a Universidade de Michigan na última sexta-feira (9): o índice apurado pela universidade subiu para 88,7 pontos no início deste mês, contra os 81,6 pontos registrados no fim de novembro.

Com o consumidor mais disposto a abrir a carteira, justamente na temporada de compras de fim de ano, a expectativa é de uma atividade econômica positiva para os EUA – uma vez que cerca de dois terços da atividade econômica do País é movimentada pelo comércio.

Os analistas, no entanto, recomendam cautela, uma vez que nem todos os dados econômicos são tão favoráveis: o Departamento do Comércio anunciou ontem que as vendas no varejo tiveram uma alta modesta em novembro, de 0,3%, mas, excluindo as vendas de automóveis, houve uma queda de 0,3%.

Greenspan

Analistas ainda prevêem aumentos de juros na próxima reunião e no encontro de janeiro, último a ser realizado com Alan Greenspan na presidência do Fed. Greenspan deve deixar o cargo no dia 31 de janeiro de 2006, quando se aposentará após mais de 18 anos à frente do banco. Ele deve ser substituído por um ex-diretor do Fed, Ben Bernanke, indicado pelo presidente George W. Bush e ainda tem de ser aprovado pelo Senado.

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