Fazer as contas antes de abastecer pode trazer lucro

O advento dos veículos bicombustíveis, nos últimos três anos, trouxe ao consumidor brasileiro a possibilidade de escolher entre o álcool e a gasolina. Com o preço menor, o álcool sempre pareceu a melhor alternativa. A questão é que a recente alta do derivado de cana-de-açúcar em todo o País, e a queda do preço da gasolina – pelo menos, em Curitiba – é hora de fazer as contas antes de mandar o frentista encher o tanque.

Especialistas afirmam que o preço do litro do álcool deve corresponder a até 60% ou 70% do preço da gasolina, dependendo da marca e modelo do carro, para que valha a pena optar pelo primeiro. Acima disso, a gasolina é a melhor alternativa. ?Para ter uma economia de custo, o preço do álcool não pode ultrapassar a 70% do preço da gasolina?, alertou o supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, regional Paraná (Dieese-PR), Cid Cordeiro.

No caso de Curitiba, com o litro da gasolina sendo encontrado por até R$ 2,15, compensaria colocar álcool se o litro custasse até R$ 1,50. Como encontrar o litro de álcool por esse preço no mercado curitibano é praticamente impossível – na semana passada, o valor médio era R$ 1,57 -, a gasolina torna-se a melhor alternativa.

Já se o preço da gasolina voltar a subir – para R$ 2,29, por exemplo – compensa colocar álcool se o litro custar até R$ 1,60. ?Acima desse patamar, o álcool fica mais caro do que a gasolina?, afirmou Cordeiro. Para o economista, fazer este tipo de conta é muito importante. ?Hoje a gasolina é, individualmente, o item que mais pesa no orçamento familiar?, lembrou.

ANP

Conforme levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o preço médio do álcool combustível em Curitiba subiu quase 9% em duas semanas, passando de R$ 1,449 na última semana de novembro para R$ 1,577 na semana passada. Já a gasolina, nesse mesmo tipo de comparação, subiu 1,37%, passando de R$ 2,39 para R$ 2,43. Outra questão importante é que o preço do álcool vem se mantendo estável, enquanto o da gasolina está caindo.

Para o economista, a queda do preço da gasolina em Curitiba nos últimos dias – postos que revendiam o litro por R$ 2,29, reduziram para R$ 2,19 ou até menos – pode estar atrelada ao período de fim de ano. ?Depende muito do caixa de cada posto e também do nível de movimento. Isso pode fazer com que os postos pratiquem uma redução para aumentar as vendas?, afirmou. A forte concorrência entre os estabelecimentos, e entre as bandeiras, também leva à queda dos preços nas bombas.

Já o aumento do preço do álcool é justificado pela alta nas distribuidoras e por se tratar de um produto sazonal. É que até março segue o período de entressafra da cana-de-açúcar.

A elevação do preço do álcool já está refletindo nas vendas dos postos. No Posto João Bettega, no bairro Portão, a informação é de que os modelos ?flex fuel? se dividem entre gasolina e álcool. ?Antes, a procura pelo álcool era bem maior, mas agora está meio a meio?, afirmou uma funcionária do posto, referindo-se a aproximadamente duas semanas atrás, quando o álcool chegou a custar entre R$ 1,29 e R$ 1,35. No estabelecimento, o litro da gasolina está sendo vendido a R$ 2,29 e do álcool, a R$ 1,59.

Interior

Se em Curitiba o preço do álcool já está alto, no interior do Paraná a situação é ainda pior. Conforme a ANP, Paranavaí, na região Noroeste, tinha o álcool mais caro do Estado na semana passada, a R$ 1,75. Em Cascavel, o preço médio era um pouco menor – R$ 1,74 -seguido por Laranjeiras do Sul (R$ 1,70) -, ambas no Oeste do Paraná.

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