Fabricantes de pneus travam ?batalha?

Rio e Brasília (AG) – O vaivém diário de milhões de carros de passeio, caminhões e ônibus no País esconde uma verdadeira guerra que vem sendo travada entre os fabricantes de pneus remoldados (usados que passam por um novo processo de industrialização) e os produtores de pneus novos. A briga já chegou até o Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária (Conar), com o pedido feito pela representação dos fabricantes de remoldados para suspensão de uma campanha publicitária que começou a ser veiculada no dia 13 de fevereiro pela Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip).

A Associação Brasileira da Indústria de Pneus Remoldados (Abip) reclama que a campanha denigre a imagem de seus associados ao sugerir que o produto não tem qualidade. De acordo com os fabricantes de remoldados, os concorrentes querem acabar com este mercado no Brasil. Do outro lado, os que produzem pneus novos afirmam que os remoldadores confundem a população quando vendem um produto antigo como se fosse novo.

?O objetivo da campanha é esclarecer a população para que não confunda um pneu remoldado com um novo. Não há nada de difamatório nisso. A indústria de remoldados é legítima. Só queremos que o consumidor tenha o direito consciente de escolha?, diz Vilien Soares, diretor-geral da Anip.

O presidente da Abip, Francisco Simeão, afirma, no entanto, que a o crescimento do mercado de remoldados tem incomodado os fabricantes de novos. O preço seria um dos fatores: enquanto um pneu novo custa, por exemplo, R$ 250, um remoldado sai a R$ 150:

?Somos uma pedra no sapato deles. Nosso mercado cresce 65% ao ano, com normas rígidas de qualidade e preço baixo. Foi difamatório, sim, e vamos entrar também com uma ação de danos morais.?

Não bastasse a briga interna, há também a polêmica em torno da importação de pneus remoldados. Contrária à proibição do governo brasileiro, a União Européia (UE) já avisou ao Brasil que pretende entrar com uma ação na Organização Mundial do Comércio (OMC). Os europeus usarão como argumento o fato de o Uruguai ser o único país com entrada no mercado brasileiro, por uma decisão em janeiro de 2002, fato que pode ser interpretado como uma espécie de discriminação.

O comunicado dos europeus foi feito recentemente ao Itamaraty. Para a UE, só deveria valer a proibição para pneus usados. O Itamaraty, no entanto, alega que a barreira também atinge os remoldados, para que seja evitado o aumento do passivo ambiental no País.

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, o Brasil fará de tudo para evitar que pneus utilizados em outros países entrem sem que haja destinação certa para os que tiverem de ser jogados fora.

O presidente da Abip diz que a pressão para evitar a entrada dos remoldados importados no País tem a influência dos fabricantes de pneus novos.

?Para nós é confortável que a importação não seja aberta, mas não temos medo de enfrentar o mercado?, diz Francisco Simeão.

Já Vilien Soares, da Anip, acha estranha a posição dos fabricantes de remoldados.

?Entendemos que devemos nos posicionar contra pelo aspecto comercial. Os remoldados importados reduzem as vendas do mercado nacional. Sem contar a questão ambiental, já que seremos responsáveis pela destinação de produtos de outros países.?

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