Exportadores favorecidos pela guerra

As exportações brasileiras para o Oriente Médio foram favorecidas pela estocagem de produtos para a guerra. Segundo dados da balança comercial brasileira, as vendas do Brasil para a região cresceram cerca de 60% nos dois primeiros meses deste ano, para US$ 480 milhões. Entre os principais produtos exportados estão frango, açúcar, carne bovina, aço e até mesmo petróleo bruto para ser refinado.

Para o diretor da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro, o fato desse conflito ser uma guerra anunciada, fez com que empresas de vários países preparassem seus estoques desde o segundo semestre de 2002.

“Houve um crescimento na quantidade das exportações e nas cotações internacionais em função da guerra. Diante do desaquecimento da economia mundial, não haveria outra justificativa para essa demanda”, disse Castro.

Ele citou o exemplo da Petrobras, que possuiu uma reserva para garantir três meses de abastecimento. “As empresas tentaram se proteger da alta dos preços e da dificuldade de entrega dos produtos, principalmente nas regiões próximas ao conflito”, afirmou.

De acordo com a Abef (associação dos produtores e exportadores de aves), houve um crescimento de 57% nas exportações de frangos – principal produto exportado para a região – em janeiro, aumento que foi atribuído pela associação à expectativa de guerra.

Os países que mais compraram produtos brasileiros na região do conflito foram Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Iêmem e Iraque.

Segundo dados da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, os Emirados aparecem como maior importador de produtos brasileiros no mês de janeiro, com US$ 69,5 milhões. Desse total, 68,8% (US$ 47,8 milhões) se referem à compra de petróleo bruto para ser refinado e exportado para outros países. No caso da Arábia, foram US$ 51 milhões em compras, concentradas em frango, açúcar, ferro e aço.

O Iêmem também aparece na lista como terceiro maior cliente da região, com quase 90% das compras de US$ 6,7 milhões concentradas em frango e açúcar. Já o Iraque – quarto na lista – aparece como comprador de apenas um produto, devido ao embargo imposto ao país. Foram vendido US$ 5,2 milhões em tubos de ferro e aço para oleodutos e gasodutos.

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