O Paraná deve recuperar, na safra 2009/2010, a posição de maior produtor brasileiro de grãos. É o que preveem tanto a Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgaram ontem suas estimativas mensais sobre a produção agrícola.
Um crescimento significativo na área plantada de soja o maior do País e um clima mais favorável nos primeiros meses do ano estão entre os principais motivos da recuperação na lavoura paranaense.
De acordo com a Conab, a produção de grãos no Paraná deve aumentar 17,9% em 2009/2010, na comparação com a safra anterior. A previsão é que sejam colhidas 29,41 milhões de toneladas, contra 24,95 milhões em 2008/2009.
Já o IBGE prevê uma safra de 29,32 milhões de toneladas para o Estado, o que representa 20,4% da produção nacional. Para o Mato Grosso, o IBGE prevê 28,35 milhões de toneladas (19,8% da produção), e a Conab antecipa uma safra de 28,44 milhões de toneladas.
Apesar do Mato Grosso continuar sendo o grande destaque na produção nacional de soja, com um volume estimado em 18,96 milhões de toneladas e uma área de 6,16 milhões de hectares, o Paraná aparece como o Estado em que a área plantada da oleaginosa mais cresceu.
O ganho é de 421,6 mil hectares, o que fez a área total passar para 4,49 milhões de hectares. Como o clima deve favorecer as lavouras nos próximos meses, a produção deve saltar das 9,51 milhões de toneladas, obtidas na última safra, para 13,52 milhões de toneladas. O aumento é de 42,1%.
De acordo com o gerente de agricultura do IBGE, Mauro Andreazzi, a safra 2010 terá a maior área plantada e a maior produção de soja já apuradas no Brasil. Segundo ele, a soja tem maior liquidez, com bons preços e comercialização garantida. Isso tem feito produtores de culturas como o milho migrarem para o cultivo da soja.
Prejuízo
Na mesma medida que favorecem culturas como a da soja, as chuvas, por outro lado, também prejudicam outras, como as do feijão primeira safra e do trigo. No caso do feijão, em que o Paraná responde, na primeira safra, por 27,9% da produção nacional, a estimativa da Conab é de redução de área 321,6 mil hectares, devido especialmente aos baixos preços de comercialização. Mesmo assim, a produção paranaense para a safra 2009/2010 deve aumentar para 485,6 mil toneladas, ou 29,5% em relação à safra anterior.
O caso do trigo é praticamente inverso: apesar de, no Paraná, os agricultores terem aumentado a área plantada em 15,5%, a alta umidade resultou em perda de produtividade e, principalmente, de qualidade.Segundo a Conab, 25% da produção paranaense é considerada de baixo padrão, ou seja, imprópria para panificação. Toda a safra do produto já está colhida.
O secretário da Agricultura e do Abastecimento, Valter Bianchini, afirmou que, com o clima voltando ao normal, a volta do Paraná à liderança era esperada. Para ele, o desafio agora é na política de preços, que não pode desestimular o produtor no plantio das safrinhas de milho e feijão.