Especialistas afirmam que falta qualificação aos pedreiros

Encontrar pedreiros para trabalhar não é tão difícil. O problema, segundo os especialistas, é achar pessoas qualificadas para a função, o que deixa muita gente desempregada. Um exemplo dessa contradição é o que ocorre na Agência do Trabalhador, em Curitiba.

A Agência encaminhou 17 mil trabalhadores para as cerca de 14.500 vagas ofertadas pelo setor de janeiro a outubro desse ano. Mas desses 17 mil, apenas 5.048 foram admitidos.

Para se ter uma idéia do crescimento no número de postos de trabalho da área, no mesmo período de 2007 foram ofertadas 13 mil vagas no setor. Na época em que a construção civil não estava tão bem assim, em 2006, a Agência ofertou nove mil vagas.

Para a coordenadora estadual de Intermediação de Mão-de-Obra da Agência, Angela Carstens, é o aquecimento da economia que contribui para o cenário otimista. Porém, ela alerta que a qualificação ainda deixa a desejar e tira muita gente do mercado de trabalho.

“O nível de escolaridade do pedreiro ainda é muito baixo. Temos também outros motivos que desanimam a pessoa, como o salário, que muitos acham pouco atrativo, e também o local de trabalho, que às vezes é longe”, comentou Angela. Um pedreiro ganha cerca de R$ 600, no mínimo, mais vale-transporte.

A mesma opinião tem o vice-presidente da Área Técnica da Comissão de Políticas e Relações Trabalhistas do Sindicato da Indústria de Construção Civil no Estado do Paraná (Sinduscon-PR), Euclésio Finatti.

Segundo ele, o que falta é gente qualificada. “Os trabalhadores antigos saíram do mercado, ou por um processo natural ou porque foram para outros setores”, observou.

Constatação semelhante tem também quem trabalha diretamente na contratação, mas mesmo assim, por conta da crise financeira, alguns empresários já estão receosos, o que pode mudar o cenário tão positivo da construção civil.

É o que diz a engenheira da construtora e loja de materiais de construção Atenas, Adriane Pansolin, de Curitiba. Ela disse que alguns empreendimentos já estão sendo cancelados em Curitiba por conta da crise econômica.

“Faz 15 dias que não vendemos quase nada”, contou. Segundo ela, a profissão de pedreiro não é tão atrativa mais como era antigamente. “Está difícil de achar profissionais qualificados. Os filhos dos pedreiros já não querem mais seguir os passos do pai, preferem outras áreas, como informática, por exemplo, que até tem cursos grátis”, constatou.

Oportunidade

Por conta da estabilidade na economia brasileira, e a aceleração das contratações na construção civil, o governo federal criou o Plano Setorial de Qualificação da Construção Civil (Planseq), que visa especializar a mão-de-obra do setor, especificamente daquelas famílias que estão inseridos no programa Bolsa Família.

O Planseq já está na fase em que as pessoas estão recebendo cartas do governo federal em casa para se habilitar aos postos de trabalho. A habilitação é feita no Sistema Nacional de Emprego (Sine).

A idéia é capacitar cerca de sete mil trabalhadores no Paraná e 185 mil em todo o país. Os recursos utilizados para o Planseq são do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

No Paraná, serão investidos cerca de R$ 7,5 milhões, podendo chegar a R$ 12 milhões, caso dê certo. “Nunca precisamos buscar esse tipo de programa, mas agora somos a bola da vez. Acredito que tudo isso está acontecendo pelo crescimento das linhas de crédito e a diminuição nos juros”, analisou Finatti. Quem fizer o curso por meio do Planseq terá 80 horas de treinamento.

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