Entidades pedem cumprimento das normas

 Foto: Arquivo/O Estado

 Meneguete, do Fundepec/PR: doença é fato consumado.

Com o objetivo de colocar um ponto final no impasse sobre o foco de aftosa no Paraná – confirmado pelo Ministério da Agricultura na semana passada, mas não admitido pelo governo do Estado -, entidades da iniciativa privada da cadeia de carne bovina, suína, avícola e lácteos, aprovaram ontem, por unanimidade, uma nota oficial encaminhada ao secretário da Agricultura e Abastecimento do Paraná, Orlando Pessutti, pedindo que sejam cumpridas as normas da OIE (Organização Mundial de Saúde Animal), sem medidas protelatórias, ?mesmo que envolvam o sacrifício sanitário dos animais.?

Na nota, as entidades que compõem o Fundepec-PR afirmam que ?a ocorrência da doença no estado do Paraná, para efeito do código sanitário para animais terrestres da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) é fato consumado, uma vez que o Ministério da Agricultura (…) já comunicou oficialmente o fato àquela organização.? Lembram ainda que para recuperar o status sanitário anterior (livre de aftosa com vacinação), restam ao Estado duas alternativas: sacrifício sanitário – o que levaria seis meses para reconquistar o status -, ou, caso não seja aplicado o sacrifício, 18 meses depois do último caso.

?Frente a tal situação, qualquer medida protelatória seja ela administrativa, política ou judicial interna no País se tornará inócua sob o aspecto de reconhecimento sanitário internacional e altamente prejudicial quanto à expectativa de recuperação da credibilidade comercial brasileira?, continuou a nota. Por fim, as entidades recomendaram ao governo do Estado a adoção de medidas preconizadas pela OIE, mesmo que envolva o sacrifício sanitário de animais, ?com o intuito de estancar com a maior brevidade os incalculáveis prejuízos que estão sofrendo as cadeias produtivas de carnes bovina, suína, avícola e lácteos.?

Ação judicial

O gerente da Fazenda Cachoeira – onde foi confirmado o foco de aftosa pelo Ministério da Agricultura -, André Carioba Filho, informou que seu advogado estaria entrando ontem com ação na Justiça Federal em Londrina. Na ação, segundo Carioba, foi pedido que a atividade da pecuária continue ativa na fazenda e a liberação do abate de cerca de 900 animais, que estariam prontos para a venda. ?Só temos ração para mais dez ou quinze dias. Depois disso, se esses bois não forem vendidos vão começar a perder peso?, explicou Carioba. Segundo ele, independentemente da febre aftosa, a intenção já era vender essas cabeças de gado. Nenhuma delas, lembrou Carioba, faz parte das 209 que vieram do Mato Grosso do Sul.

Na ação, o advogado do pecuarista pediu ainda o laudo do Laboratório Nacional da Agropecuária, que apontou a existência de aftosa no rebanho. ?Dizem que 22% dos resultados deram positivo, mas não recebemos qualquer documento sobre isso?, afirmou. A intenção, segundo Carioba, é solicitar uma perícia judicial para que se refaçam os exames. Sua posição continua a mesma: não há aftosa na Fazenda Cachoeira.

Barreiras

A Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento montou barreiras sanitárias na região de São Sebastião da Amoreira, local onde o Ministério da Agricultura confirmou um foco de febre aftosa. Os caminhões que transportam animais são o alvo principal dos fiscais.

Técnicos da Secretaria de Agricultura montaram três barreiras sanitárias que vão funcionar dia e noite. Os bloqueios ficam nas saídas de São Sebastião da Amoreira e Santo Antonio do Paraíso e na porteira da Fazenda Cachoeira. No lugar estão isolados 209 animais com suspeita da doença. O acesso à propriedade passou a ser controlado. Todos os carros são desinfetados com água e ácido cítrico.

Na rodovia, o alvo dos fiscais é o transporte de animais. Caminhoneiros são orientados a usar desvios para não passar perto da fazenda e tem a documentação vistoriada.

A Secretaria de Agricultura também monitora todas as propriedades em um raio de dez quilômetros em volta da fazenda Cachoeira. Apenas a fazenda Cachoeira estava interditada, mas com o bloqueio as conseqüências chegam às propriedades vizinhas. Os pecuaristas serão notificados para suspender a movimentação de gado e de derivados como o leite.

Audiência pública em Brasília, hoje

A Comissão de Agricultura, Pecuária e Abastecimento da Câmara Federal promove hoje audiência pública para averiguar o surgimento de febre aftosa no Paraná. Os autores do requerimento que pede a audiência, deputados Abelardo Lupion (PFL-PR), Assis Miguel Couto (PT-PR), Dilceu Sperafico (PP-PR) e Moacir Micheletto (PMDB-PR), defendem a adoção de providências para apurar as responsabilidades do Ministério da Agricultura em relação ao surgimento da doença naquele estado.

?Vamos buscar a verdade. Estamos reunindo todo o pessoal técnico, da secretaria da agricultura, ministério, virologistas das universidades do Paraná para saber o que está acontecendo?, afirmou o deputado Abelardo Lupion, integrante da Comissão da Agricultura. Segundo ele, a idéia é não politizar a questão. ?O Paraná está passando pela sua pior fase na história da pecuária?, lamentou. O deputado acredita que a confirmação do foco de aftosa no Paraná tenha sido uma ?decisão política para liberar outros estados, prejudicando o Paraná.?

 

Voltar ao topo