Empréstimo consignado só em emergência

Quando as propagandas de empréstimo consignado a aposentados e pensionistas do INSS estouraram na mídia, no início do ano, o problema da falta de dinheiro parecia ter chegado ao fim. Passados alguns meses, o que se vê hoje são aposentados com orçamento cada vez mais apertado, por conta de um empréstimo feito, muitas vezes, sem necessidade.

?Há cinco situações em que o empréstimo pode ser vantajoso: em caso de morte, doença extrema, estar nas mãos de agiota, estar com o cheque especial estourado ou o cartão de crédito. Fora esses casos, o empréstimo consignado não é aconselhável?, apontou o vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados e Pensionistas da Força Sindical, Paulo José Zanetti. ?Enfim, se for para pagar uma dívida, tudo bem, mas se o empréstimo for para comprar algum bem, é muito ruim. O aposentado pega dinheiro agora e depois passa por um sofrimento?, disse.

Zanetti lembrou que o último reajuste do benefício do INSS, em 1.º de maio, ficou em 6,35%. ?Tudo leva a crer que o próximo, no ano que vem, terá índice ainda menor?, alertou. O aposentado ou pensionista do INSS pode comprometer até 30% do benefício com o pagamento do empréstimo. A questão é que existem despesas fixas, como seguro de vida, seguro da residência, além das contas altas em remédios, apontou Zanetti. ?É preciso ter muita cautela. Só pegar mesmo em caso de emergência.?

Em todo o País, do total de 23,5 milhões de aposentados e pensionistas, cerca de 3,5 milhões já fizeram empréstimo consignado, movimentando R$ 40 milhões. O juros variam de 1,50% a 3,30% ao mês, além da taxa de abertura que vai de R$ 30,00 a R$ 190,00. ?O banco está no papel dele. A questão é que muitos ?casam? a operação (empréstimo) com produtos como seguros, investimentos. Muitos aposentados assinam sem saber?, alertou.

Arrependimento

A bancária aposentada Olenice Tonholi, 57 anos, diz hoje estar arrependida do empréstimo consignado que fez no início do ano. ?Eu me empolguei com as notícias, a propaganda de juros baixos?, admitiu Olenice. Segundo ela, o reajuste de 6,35% do benefício, em maio, ?é muito menos do que a gente está pagando de juros.? A bancária aposentada conta que emprestou R$ 5 mil, valor a ser pago em 18 vezes de R$ 361,19. ?Achei que seria uma coisa boa, mas acabou comprometendo o meu orçamento?, afirmou a aposentada, que pagará R$ 1,5 mil de juros. ?E nem era para uma emergência.?

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