Empresas se preparam para economia aquecida

As grandes empresas já se movimentam para fazer frente ao esperado reaquecimento da economia, apesar das incertezas sobre a intensidade desse processo e do atraso na aprovação de medidas consideradas essenciais, como o projeto que cria as Parcerias Público-Privadas (PPP). De companhias com forte capacidade exportadora, como os fabricantes de papel e celulose e as siderúrgicas, até as que vendem produtos exclusivamente no mercado interno, existem investimentos em curso nos mais variados setores da economia brasileira.

A Companha Suzano de Papel e Celulose mal concluiu um projeto de modernização e ampliação da capacidade de sua fábrica em São Paulo, que consumiu US$ 220 milhões em investimentos nos últimos dois anos, e já está desembolsando outros US$ 80 milhões na Bahia Sul Celulose, de sua propriedade. Até o fim do ano a unidade baiana do grupo Suzano elevará sua produção das atuais 590 mil para 650 mil toneladas de celulose.

“O mercado interno é importante, mas temos vantagens competitivas importantes nas exportações. Por isso não paramos de crescer”, diz o diretor-superintendente do grupo Suzano, Murilo Passos.

O executivo lembra que o setor de papel e celulose apresentou recentemente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva um plano de investimentos de US$ 10 bilhões para os próximos dez anos. Somente o seu grupo inicia ano que vem um projeto que deve consumir US$ 1,2 bilhão até 2007. Mas ressalva que as deficiências de infra-estrutura do País são preocupantes, assim como a elevada carga tributária e as mudanças de regras que penalizam os investimentos.

“As empresas do setor estão cumprindo a sua parte, mas olhamos com muita cautela ainda o processo de recuperação do País”, diz Murilo Passos.

Com 70% de sua produção destinada ao mercado interno, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) está investindo US$ 720 milhões no aumento de capacidade da mina Casa de Pedra e na reforma do Porto de Sepetiba.

“A competitividade do parque siderúrgico nacional é muito grande, e esperamos continuar sendo um grande fornecedor de excedente nos mercados internacionais”, diz o diretor de Administração e Participações da CSN, Marcelo Araújo.

A CSN já aprovou outros R$ 100 milhões para a modernização da Companhia Ferroviária do Nordeste, mas ainda busca novas fontes de financiamento para ampliar os investimentos na área. Fazendo coro ao colega da Suzano, Araújo aponta os gargalos na área de infra-estrutura e as indefinições tributárias e nas regras para investimentos como empecilhos a serem vencidos.

“Não estamos nem otimistas, nem pessimistas. O que acreditamos é que, sem a retomada dos investimentos tanto em infra-estrutura como na produção, o crescimento do País não será sustentado”, diz Araújo, que vê no novo modelo de gestão do BNDES um importante passo do governo.

“Tem que haver contrapartida aos investimentos produtivos, que só o governo pode fazer.”

Voltar ao topo