Empresas do Paraná têm baixo desempenho

As empresas sediadas no Paraná e que têm ações negociadas na BM&FBovespa acompanharam o desempenho geral da bolsa e não tiveram, em sua maioria, um bom desempenho no primeiro semestre. Os destaques positivos ficaram com empresas como a ALL e a Copel, que reverteu no final de junho uma tendência de baixa, após o anúncio do reajuste nas tarifas de energia. Entre os negativos, ficaram empresas como a Positivo Informática e a Companhia Providência.

Na opinião do analista Luiz Augusto Pacheco, da Omar Camargo Investimentos, o comportamento das ações das empresas do Paraná é parecido com o índice geral da Bovespa, que ficou negativo em 11,16% ao fim do primeiro semestre. Ele atribui as oscilações à instabilidade ainda existente na economia global, que decorre principalmente das notícias vindas da Europa. Os problemas, segundo ele, afetam principalmente as empresas voltadas ao mercado internacional.

Para o assessor de investimentos Rodrigo Formighieri, da Unique Investimentos, além da falta de recuperação das economias de países europeus e dos Estados Unidos, os recentes aumentos na taxa de juros também contribuíram para a queda geral na bolsa, no semestre. “Os investidores com maior aversão ao risco acabam tirando seu dinheiro da bolsa”, afirma, lembrando que esse capital não necessariamente saiu do Brasil: apenas pode ter migrado para investimentos mais conservadores.

Segundo Formighieri, nesses momentos as primeiras ações a serem afetadas costumam ser as de empresas com maior grau de risco. “São os casos da Positivo Informática e da Bematech, por exemplo”, observa. No caso da Positivo, que teve suas ações desvalorizadas em 21,6%, o assessor explica que a empresa depende muito da demanda pelos seus produtos, que varia bastante. Há, ainda, a forte concorrência de multinacionais e a alta dependência do câmbio, já que grande parte dos componentes são importados.

Já Pacheco lembra que a Positivo Informática fechou o quatro trimestre do ano passado com um resultado ruim, com vendas abaixo do esperado, que aumentaram os estoques e causaram redução no caixa. “[O desempenho] melhorou no primeiro trimestre, mas foi muito pautado em vendas ao governo, que não são um negócio constante da empresa”, completa.

Por outro lado, a Copel conseguiu fechar o semestre com alta de 1,32%, graças principalmente a um aumento de 10,71% em junho. De acordo com Formighieri, parte da causa do desempenho positivo está na maior solidez da estatal, que tem fluxo de caixa “mais confortável” e, assim, consegue atrair investidores mais defensivos. Porém, os dois especialistas apontam outro fator para a virada: as recentes mudanças na cúpula do Estado, que abriram espaço para o reajuste de tarifas anunciado esta semana.

Para Pacheco, os poucos papéis que vêm valorizando bastante no ano são os de companhias que produzem ou vendem no aquecido mercado interno. Ele destaca, por exemplo, altas nas ações da Hering (cerca de 60%), Marisa (80%) e Lojas Renner (25%). Ele afirma que as ações já valorizaram bastante e não devem continuar no mesmo ritmo, no ano. Ainda assim, ele continua vendo espaço para novas valorizações.

Formighieri explica que os investidores devem continuar experimentando oscilações no índice geral da Bovespa, este ano e também durante 2011, período em que o mercado acionário deverá continuar “andando de lado”. Porém, ele continua recomendando que parte do capital seja reservada para investimentos em ações, ainda mais para quem espera retorno a longo prazo. Ele acredita que um novo ciclo de expansão da economia mundial está por vir em 2012 e pelo menos durante os cinco anos seguintes.