Empresas brasileiras preocupam Fitch

Nova York

(AE) – O diretor de ratings corporativos da agência de classificação de risco Fitch Ratings, Daniel Kastholm, disse que a sua preocupação imediata com as empresas brasileiras diz respeito à liquidez. “A volatilidade do mercado e a instabilidade resultaram em baixos níveis de liquidez para as empresas brasileiras”, disse Kastholm, durante teleconferência promovida para discutir o rebaixamento da nota brasileira de BB- para B+ com a manutenção da perspectiva (outlook) negativa. “No entanto, essa escassez de liquidez estava limitada apenas ao mercado de capitais internacional. Mas agora, o mercado de capitais doméstico está se fechando, o que agrava muito a situação para as empresas brasileiras”, disse.

Ele acredita que a liquidez para o setor privado brasileiro permaneçará apertada nos próximos 6 a 9 meses, enquanto durar a volatilidade do mercado financeiro brasileiro por causa das eleições presidenciais. “Isso representará um forte aumento nos riscos de refinanciamento para algumas empresas brasileiras. As companhias que tiverem elevado nível de dívida de curto prazo atrelada a taxa de juros flutuantes são as mais expostas a esse risco de refinanciamento”, explicou. É muito provável que haja, para muitas empresas brasileiras, a perspectiva de uma deterioração no perfil da maturidade das suas dívidas ou até da adoção de medidas de proteção por parte de credores, na medida em que os bônus sejam rolados a um custo muito mais elevado.

Numa situação melhor estão as empresas exportadoras, como a de papel e celulose e minério de ferro, entre outros produtos. “Essas têm maior possibilidade de honrar suas obrigações em moeda estrangeira”, afirmou Kastholm. Na situação oposta, ou seja, em posição mais delicada, estão as empresas que dependem mais da economia brasileira , como as empresas públicas, as de infra-estrutura e as de telecomunicações, citou Kastholm. “Essas empresas estão mais vulneráveis ao descasamento de moedas no seu perfil de endividamento”, disse

Para os analistas de investimento da Fitch Ratings, o Brasil encontra-se em uma situação vulnerável e essas condições não serão alteradas mesmo que o candidato do governo, José Serra, vença as eleições presidenciais. Em uma conferência feita por telefone com analistas de mercado internacionais nesta quinta-feira, o chefe de análises da Fitch para os ratings soberanos da América Latina, Roger Scher, lembrou que o endividamento do Brasil em relação a seu Produto Interno Bruto (PIB) é alto e que a balança de pagamentos não está em linha com as projeções da agência.

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