Emprego na indústria paranaense registra queda

O emprego na indústria em fevereiro recuou 5,9% no Paraná, em relação ao mesmo mês do ano passado, e já acumula uma queda de 5,2% nos dois primeiros meses do ano, no comparativo com o mesmo período de 2008.

Os resultados nacionais também mostraram queda de 4,2%, ante fevereiro do ano passado. A taxa é a terceira negativa consecutiva nessa comparação, e a maior da série histórica do índice, iniciada em 2001. Na comparação com o mês imediatamente anterior, também houve recuo no País, de 1,3%.

Os dados fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal: Emprego e Salário (Pimes) de fevereiro, divulgados ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo a economista da coordenação de indústria do instituto, Denise Cordovil, houve queda no emprego industrial em 13 dos 18 setores pesquisados no Paraná.

Os ramos que tiveram o maior peso foram os de madeira (no qual a retração foi de -25,5%), vestuário (-18,3%) e produtos químicos (-21,2%). No comparativo do acumulado do primeiro bimestre do ano com o mesmo período de 2008, as quedas mais importantes ocorreram nos mesmos setores.

De acordo com o coordenador de conjuntura do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Julio Suzuki, os setores que tiveram maior retração no número de empregos, embora não sejam tão significativos na composição da renda industrial, são grandes empregadores. Isso, para ele, justifica a queda no índice de emprego, apesar da produção da indústria ter crescido 5,7% no Estado.

Segundo Suzuki, a indústria madeireira tem sido fortemente afetada pela queda do consumo dos países desenvolvidos, principalmente Estados Unidos e Europa. Já o setor químico, que é importante fornecedor de adubos e fertilizantes, é afetado pela queda na renda agrícola, e o ramo de vestuário vem enfrentando forte concorrência internacional, principalmente de produtos chineses.

A folha de pagamento da indústria no Paraná também apresentou, segundo o IBGE, queda real de 3% em fevereiro, em relação ao mesmo mês do ano passado.

A redução, para Suzuki, reflete o menor número de ocupações no setor manufatureiro do Estado. Em fevereiro, o total das remunerações recuou 3% ante o mesmo mês do ano passado. Na comparação do primeiro bimestre do ano com o mesmo período de 2008, também houve queda, de 1,9%.

Geral

Para Cordovil, o resultado negativo nacional, de 4,2%, reflete uma queda em 13 dos 14 locais pesquisados, e em 13 dos 18 setores analisados. São Paulo (-3,6%), Minas Gerais (-5,5%) e as regiões Norte e Centro-Oeste (-6,7%) exerceram as pressões negativas mais importantes no total nacional.

“Em resumo, os resultados são efeito da retração da atividade industrial que vem sendo observada desde o final do ano passado, com a crise global”, afirma a economista. Segundo ela, há uma certa defasagem no emprego na indústria, que costuma reagir com algum atraso a resultados negativos na produção industrial.