Emprego industrial cresceu apenas 0,4%

Foto: Arquivo/O Estado

Ocupação na indústria dá sinais de recuperação.

O emprego industrial mostra sinais de recuperação, mas ainda em ritmo moderado: subiu 0,4% em setembro em relação a agosto, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em agosto havia sido registrado recuo de 0,2%. Na comparação com setembro do ano passado, a ocupação na indústria cresceu 0,11%. Esta elevação foi puxada por aumentos no número de trabalhadores em setores que não empregam em grande quantidade – como meios de transporte (2,4%) – mas que têm salários altos. Isso levou a bons resultados na renda dos trabalhadores, que teve alta de 0,1% ante agosto; e de 1,8% na comparação com setembro do ano passado.

Para o economista da Coordenação de Indústria do IBGE, André Macedo, a alta no emprego industrial em setembro reflete cenário de dois meses atrás, quando a produção industrial apresentou dois aumentos consecutivos, em agosto ante julho (0,7%) e em julho ante junho (0,3%). Mas considerou que o indicador de média móvel trimestral – principal indicador de tendências -, subiu 0,2% no trimestre encerrado em setembro. ?Pela média móvel, o emprego industrial está com sinais positivos?, afirmou.

Entretanto, a continuidade da recuperação em ritmo moderado no emprego industrial ainda é uma incógnita. Segundo Macedo, não é possível prever se a queda de 1,4% na produção da indústria em setembro ante agosto se refletirá negativamente nos resultados futuros de emprego no setor. Isso porque não há como mensurar, hoje, se os resultados fracos da produção industrial em setembro podem se constituir uma tendência – visto que, naquele mês, a produção industrial passou por choques pontuais, como resultados ruins do setor automotivo, cuja produção foi afetada por greves e paralisações. ?Ainda é muito cedo para falar sobre isso. Precisamos saber os resultados de outubro (da produção industrial) antes, para saber se isso vai afetar o emprego industrial?, disse.

Com os dados de setembro, o IBGE divulgou os resultados do setor para o terceiro trimestre que, na comparação com igual período em 2005, mostraram alta de 0,3% no emprego; e elevação de 1,3% na renda dos trabalhadores. Na análise por setores, o destaque positivo ficou por conta de alimentos e bebidas – que em setembro teve alta de 7% na ocupação de postos de trabalho, ante setembro do ano passado. ?É um setor que tem se beneficiado dos bons cenários, tanto no setor externo, quanto no setor interno?, afirmou o economista.

Macedo admitiu, no entanto, que os setores mais intensivos em postos de trabalho continuaram a registrar resultados ruins. Isso explica, em parte, o porquê da ?moderação? no ritmo da recuperação do emprego industrial. Em setembro deste ano, ante setembro de 2005, houve quedas na ocupação em calçados e artigos de couro (-13,6%); vestuário (-7,8%), e máquinas e equipamentos (-4,3%).

Inflação

De acordo com Macedo, além da recuperação salarial que ocorreu ao longo de 2006, beneficiando a folha de pagamento da indústria, outro fator também ajudou a elevar os ganhos dos trabalhadores: a inflação baixa este ano. Os preços comportados já ajudaram a puxar para cima a renda dos funcionários da indústria, nos meses de julho e agosto.

Renda média do trabalhador aumenta 7% no Paraná

A variação do salário médio pago para os trabalhadores paranaenses, entre os meses de janeiro e setembro de 2006, ficou 7% superior à média salarial paga durante o mesmo período do ano passado. Quem ingressou no mercado formal de janeiro a setembro deste ano recebeu, em média, R$ 543,73. Para os trabalhadores que conseguiram uma vaga no mercado formal de trabalho durante esse período de 2005, a renda média chegou a R$ 508,27.

A análise foi realizada pela Secretaria do Trabalho, Emprego e Promoção Social, com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – Caged. Para comparação do poder de compra dos salários, o salário médio dos contratados durante o período de 2005 foi atualizado pelo Índice Geral de Preços ao Consumidor – IPC, da Fundação de Pesquisas Econômicas – Fipe. O IPC-Fipe acumulado entre outubro de 2005 e setembro de 2006 foi de 1,90%.

?Viemos acumulando, mês após mês, aumentos na média salarial dos trabalhadores que entraram no mercado de trabalho este ano, e eu tenho convicção de que este resultado positivo se deve, em parte, ao salário mínimo regional adotado pelo Paraná?, defende o secretário do Trabalho, Emprego e Promoção Social, Emerson Nerone. ?O salário mínimo é válido para as categorias de trabalhadores que não têm acordo coletivo de trabalho, mas, com certeza, ele serviu como base para as negociações de todas as categorias, ajudando a estipular um salário maior para todos os trabalhadores?, argumenta Nerone.

A maior variação de salário no estado chegou a 19%, no setor extrativista mineral. Este ano, o setor pagou, em média, R$ 637,60. No ano passado, a média salarial era de R$ 535,43. A oferta de vagas de trabalho no setor também foi destaque neste ano. Durante os nove primeiros meses foram criadas 366 novas vagas de trabalho, frente as 92 criadas no setor durante o mesmo período de 2005.

O setor de indústria de transformação, responsável pela criação de 33% de todos os empregos gerados no estado, desde o início do ano, conferiu um acréscimo salarial de 8,1% para os trabalhadores contratados em 2006, comparado com o salário pago aos empregados do setor em igual período de 2005.

?O aumento da média salarial combinado à geração de empregos alcançada neste ano, nos levam a concluir que o piso mínimo regional em vigor no Paraná, que é o maior pago no país, movimentou a economia e propiciou a criação de mais empregos. Este é o círculo virtuoso que defendíamos com a aprovação do mínimo regional do Paraná?, conclui o secretário Emerson Nerone. (AEN)

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