Emprego formal avança em marcha lenta no Paraná

O Paraná criou 5.229 empregos formais em junho, correspondendo a uma variação de 0,34%, conforme dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) divulgados ontem pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socio econômicos). Com essa taxa, a menor nos meses de junho desde 2000, o total de trabalhadores com carteira assinada no Estado passou para 1.565.900. Em junho do ano passado, por exemplo, foram abertas 10.570 vagas (0,71%). A geração de postos de trabalho também foi inferior à de maio deste ano (1,05%), cujo saldo foi de 16.216 empregos.

Segundo o economista Cid Cordeiro, supervisor técnico do escritório regional do Dieese, o comportamento do nível de emprego no Paraná está atípico neste ano, já que normalmente registra curva ascendente de janeiro a maio e em 2003, alternou meses de maior e menor volume de geração de vagas. “O crescimento de junho menor do que em maio é sazonal, mas a queda que ocorreu mostra os efeitos da desaceleração econômica no mercado de trabalho, que inibe a contratação de mão de obra”, analisa.

Cordeiro atribui o baixo nível de expansão do emprego formal à política do presidente Lula. “Nesses seis meses, o governo visualizou um problema: a inflação. Usou um remédio amargo, os juros altos, que afetaram a atividade econômica. O efeito colateral foi a baixa geração de postos de trabalho e o aumento do desemprego”, destaca, acrescentando que a queda da renda familiar e a inflação alta (acumulada em 20% nos 12 meses encerrados em junho) também contribuíram para retrair o consumo e a produção industrial.

Do total das vagas criadas no Paraná em junho, 83,82% (4.383) ficaram no interior do Estado, que cresceu 0,47%, enquanto a Região Metropolitana (RMC) foi responsável por 16,18% dos novos empregos (846), com elevação de 0,14%. O volume de postos de trabalho do Paraná foi o quinto maior entre os estados, mas em termos percentuais o Estado ficou em 19o lugar, abaixo da média nacional de 0,55%.

No primeiro semestre, foram criados 60.048 postos de trabalho no Paraná, sendo 91,28% no interior (54.811) e 8,72% (5.237) na RMC. O incremento no nível de emprego estadual foi de 3,99%. O interior ampliou a geração em 6,20% e a RMC em 0,84%. No acumulado do ano, o Estado teve o sexto maior crescimento entre as unidades da federação, superando a média nacional de 2,51%. A quantidade de empregos novos foi a terceira maior do País. Cordeiro ressalta que a alta expressiva no semestre reflete o desempenho positivo da agricultura, mas a tendência é diminuir os empregos no setor em virtude do término da safra.

Conjuntura

O economista do Dieese projeta baixa geração de empregos também em julho. “Há uma expectativa de sinais de reativação da economia a partir de setembro e outubro”. Entre os fatores que contribuem para essa perspectiva otimista, ele cita a redução da Selic, que barateia o crédito; a queda da inflação, que se reflete positivamente nos orçamentos familiares; além das restituições do Imposto de Renda e a antecipação de mais R$ 3,5 bilhões do FGTS. “Está sendo construído um cenário propício à retomada econômica, que vai depender do comportamento do câmbio para se confirmar”, ressalta. Para Cordeiro, o cenário será otimista mesmo que o dólar chegue a R$ 3,20.

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