Emprego cresce no Norte e Centro-Oeste

Foto: Arquivo/O Estado

Carteira de trabalho é documento indispensável ao trabalhador.

Mais da metade do emprego formal no Brasil ainda concentra-se na região sudeste, mas novas tendências devem mudar esse quadro. Segundo pesquisa do Instituto Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) as regiões norte e centro-oeste indicaram as maiores taxas de crescimento do emprego formal, de 62% e de 60%, respectivamente, impulsionadas pela expansão das fronteiras agrícolas e aumento da atividade comercial. Embora beneficiado, em parte, pela realocação de indústrias à busca de menores custos, o nordeste concentra a maior parte dos trabalhadores – formais e informais – na zona rural – e registra os menores salários do País.

O estudo ?Brasil, o estado de uma nação – mercado de trabalho, emprego e informalidade?, divulgado ontem, destaca os impactos positivos da inovação tecnológica e do comércio exterior na geração de empregos. As empresas exportadoras empregaram um em cada grupo de dez trabalhadores com carteira assinada no período de 2000 a 2004. Firmas exportadoras também pagaram salários 24,7% maiores que as não exportadoras no período.

De acordo com o levantamento, as empresas com mais de 500 funcionários que investiram em inovação tecnológica aumentaram em 29% a oferta de empregos. Contrariaram, portanto, a velha máxima de que a inovação produz desemprego. Empresas que inovam, indica o Ipea, pagam salários 12,07% superiores ao da indústria.

Na segmentação das indústrias por origem de capital, as indústrias multinacionais foram as campeãs em remuneração, com salários 38,3% maiores que os concedidos por firmas idênticas, de capital nacional, para as mesmas funções.

Desemprego

O estudo indicou também aumento da taxa de desemprego de 7,2% para 9,7% da População Economicamente Ativa (PEA) no período entre 1992 e 2004. Nos últimos quatro anos, a taxa foi mantida praticamente estável em 10%. Também entre 1992 e 2004, o número de desempregados cresceu 78,4%, com maior intensidade nas áreas metropolitanas (95%).

Na região sul, o aumento foi de 50%, mas em todas as demais regiões o crescimento foi de aproximadamente 80%. Entre mulheres o desemprego avançou 107,7%, em parte decorrente do aumento da participação feminina no mercado de trabalho. Para as mulheres, a taxa de desemprego ficou em 13,5% – o dobro da verificada entre os homens. Entre os chefes de família, o desemprego cresceu 77,3%.

No mesmo período, a população ocupada cresceu 28,5%, o que significou a criação de 17,5 milhões de postos de trabalho, em termos líquidos. Esses novos postos concentraram-se nas áreas metropolitanas e também na região norte. Verificou-se ainda a diminuição da relevância relativa da geração de emprego industrial nas áreas metropolitanas por conta do desempenho de São Paulo, onde foi registrada a perda de 222 mil vagas de 1992 a 2004.

Seguridade

Um dos pontos abordados pelo estudo é a necessidade de um choque de gestão no sistema de seguridade. A Previdência Social, informa o estudo, consome 31% das verbas federais e, segundo o próprio INSS, aproximadamente 20% das aposentadorias e pensões são pagas indevidamente. O Ipea sugere a unificação dos dados do Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) e do INSS.

Os autores da pesquisa advertem para a tendência de envelhecimento da população brasileira nas próximas três décadas. Em 2030, o crescimento da população do Brasil será de 0,5%. A população estimada será de 225,3 milhões. A taxa de crescimento da População em Idade Ativa (PIA) será a metade da atual e a PIA será 81% da população total. Como resultado, cairá a participação de jovens na PIA e as empresas terão de se adaptar e flexibilizar para manter e contratar trabalhadores mais velhos.

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