Emissão de cheques sem fundos foi recorde em janeiro

O número de cheques devolvidos por falta de fundos em todo o País cresceu 24,2% em janeiro, em relação a igual período em 2005, e atingiu nível recorde para o mês, revela estudo da Serasa, empresa de informações para decisões de crédito. ?Nas nossas estatísticas é o maior número de cheques sem fundos na comparação com todos os meses de janeiro de anos anteriores. Mas ainda é um número baixo se confrontado com a inadimplência em outras formas de financiamento?, diz o assessor econômico da Serasa, Carlos Henrique de Almeida. Em relação a dezembro, os cheques sem fundos caíram 5,5%.

De um total de 157,4 milhões de cheques compensados no Brasil em janeiro, 3 milhões foram devolvidos duas vezes. Significa que a cada mil cheques compensados, 19 foram devolvidos por insuficiência de fundos. Em janeiro de 2005, a soma dos cheques devolvidos era de 15,3 a cada mil compensados.

O número de cheques sem fundos em janeiro deste ano ficou acima da média registrada durante o ano de 2005, que foi de 18,9 cheques devolvidos a cada mil compensados. O recorde histórico do indicador, que surgiu em 1991, foi atingido em março de 2005, com 20,8 devoluções a cada mil compensados.

?Neste início de ano estamos um pouco acima da média do ano passado, mas a preocupação é que essa média de janeiro vire um novo piso?, alerta Almeida. Ele atribui o crescimento da inadimplência no cheque ao aumento da oferta de crédito no varejo. No ano passado, lembra, o consumidor se entusiasmou com o crédito consignado e acumulou compromissos.

Para piorar o cenário, diz, os financiamentos, por causa dos juros altos, tiveram prazos alongados. ?É comum o consumidor se preocupar apenas com o valor da prestação. E com prazos de pagamento dilatados os valores das prestações caem, o que é uma tentação para o acúmulo de dívidas?, observa Almeida.

Dados do Banco Central revelam que o volume de crédito para a pessoa física em 2005 cresceu 25% em relação ao ano anterior. Entre janeiro e fevereiro, lembra Almeida, o volume de cheques sem fundos também cresce por causa dos compromissos tradicionais do consumidor no início de ano, como pagamento do IPTU, IPVA, matrícula e compra de material escolar.

Ele atribui também o aumento da inadimplência à falta de cuidado na checagem dos dados de quem está tomando empréstimo. ?O comércio está cada vez mais competitivo e muitas vezes, para não se perder um cliente, se concede crédito sem rigor?, diz.

A maior parte dos cheques sem fundos são pré-datados. ?Eles mostram um descuido do comerciante e um descontrole do gasto do consumidor.? A Serasa observa que, para reduzir o risco do crédito e contribuir para a queda da inadimplência, é necessário que as empresas adotem práticas adequadas na concessão.

Nos próximos meses a assessoria econômica da Serasa prevê a manutenção de índices altos de inadimplência por causa do crediário do Natal. ?Até maio a soma de cheques sem fundos deve permanecer elevada pelo consumo do fim do ano com prazos de pagamento dilatados?, diz Almeida.

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