Embratel é vendida para o grupo mexicano Telmex

A empresa norte-americana de telecomunicações MCI informou ontem ter concordado em vender sua participação na Embratel para a mexicana Telmex (Telefonos de Mexico), por US$ 360 milhões. A Telmex, que no Brasil já controla a operadora de telefonia celular Claro (que inclui a ex-BCP), já era a favorita na disputa para a aquisição do controle da Embratel. O magnata mexicano Carlos Slim, controlador da Telmex, tinha em julho do ano passado US$ 1,7 bilhão em dívida da MCI, segundo estimativas do mercado.

Também estavam na disputa o grupo de investidores liderados pela Telos, o fundo de pensão dos funcionários da Embratel, e o consórcio formado pelas três grandes operadoras fixas brasileiras (Brasil Telecom, Telefônica e Telemar).

Em 1998, a MCI pagou US$ 2,3 bilhões por 52% do capital votante da empresa brasileira. De acordo com analistas, o valor de mercado da Embratel oscila hoje entre US$ 1 bilhão e US$ 1,5 bilhão.

A MCI, antiga WorldCom, anunciou a intenção de vender sua participação de quase 52% no capital votante da Embratel no dia 12 de novembro de 2003. A empresa também é dona de 19,3% das ações preferenciais da operadora brasileira.

Lucro

A Embratel saiu do prejuízo e conseguiu encerrar o ano de 2003 com um lucro líquido de R$ 223,6 milhões. Em 2002, a empresa havia registrado prejuízo de R$ 626,3 milhões.

A empresa também reduziu o volume do endividamento de curto prazo (que vence em 12 meses), que caiu para R$ 1,2 bilhão no quarto trimestre, contra os R$ 2,6 bilhões registrados no último trimestre de 2002. A dívida líquida somou R$ 2,9 bilhões no final de 2003.

Disputa

O consórcio das teles fixas planejava entrar na disputa com a empresa Geodex, que assumiria o controle da Embratel em caso de vitória para contornar possíveis problemas com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). O consórcio, no entanto, não pôde obter as informações. O acesso das empresas foi vetado pela Embratel com a justificativa de que informações estratégicas não poderiam ser disponibilizadas aos concorrentes diretos da operadora no Brasil.

Aprovação

Em comunicado emitido ontem, a MCI afirmou que a concretização da venda do controle da Embratel ainda está sujeita à aprovação da Corte de Falências dos EUA e das autoridades regulatórias brasileiras – Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).

Os executivos das duas empresas, no entanto, estão otimistas com a transação. “A MCI vai ter uma relação contínua com a Embratel, possibilitando que continuemos a fornecer aos nossos clientes brasileiros serviços de qualidade”, disse o vice-presidente da MCI, Jonathan Crane. “Através da Embratel, e agora da Telmex, a MCI vai desenvolver novas tecnologias e serviços para mais clientes na América do Sul.”

“O Brasil é a maior economia da América do Sul e a Embratel está entre as mais respeitadas e competitivas empresas de telecomunicações”, disse José Formoso, vice-presidente de operações internacionais da Telmex. “Esta combinação apresenta oportunidades extremamente atraentes para a Telmex.”

A Telmex é a principal empresa de telecomunicações do México, com 15,7 milhões de linhas telefônicas em operação, 2,2 milhões de linhas para transmissão de dados e 1,4 milhões de clientes de conexão com a internet.

Consórcio contesta venda

O consórcio formado pela Geodex e pelas três operadoras de telefonia fixa (Telemar, Telefônica e Brasil Telecom) vai acionar a Justiça dos EUA contra a venda da Embratel para a mexicana Telmex. A operação foi confirmada ontem pela manhã por ambas as companhias. O pedido será encaminhado à Corte de Falência dos EUA e ao comitê de credores da MCI, ex-WorldCom.

O grupo questiona o valor pago pela Telmex à MCI, de US$ 360 milhões. Segundo fonte do consórcio, a oferta feita pelo grupo liderado pela Geodex foi de US$ 550 milhões.

De acordo com o consórcio, a operação “prejudica” os acionistas minoritários, que receberão menos com a venda para a Telmex. Além disso, o consórcio tentará provar que o negócio foi menos favorável à MCI, já que a oferta da Telmex foi US$ 190 milhões menor que a feita pelas teles.

Desde que a MCI, antiga WorldCom, anunciou a intenção de vender sua participação de quase 52% no capital votante da Embratel, em novembro do ano passado, a Telmex era apontada como favorita. Além da mexicana e do consórcio das teles, a MCI recebeu uma oferta do Telos, o fundo de pensão dos funcionários da Embratel.

Outro lado

A MCI, por sua vez, já esperava uma reação como essa do consórcio formado pelas teles. Um porta-voz da empresa informou que o valor das ofertas não foi o único ponto analisado na hora de decidir para qual dos interessados a Embratel seria vendida.

De acordo com a MCI, um dos fatores que pesaram foi a perspectiva de aprovação ou não da operação por órgãos reguladores do Brasil, como o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).

O porta-voz da MCI disse que uma venda para as teles enfrentaria mais resistência do que a venda para a Telmex e que a demora na aprovação seria prejudicial aos acionistas minoritários.

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