Embraer supera crise e abocanha fatia do mercado

A Embraer está se beneficiando da crise que afeta o setor da aviação graças ao seu prestígio entre as companhias aéreas americanas. Uma delas, a Jetblue Airways, anunciou ontem a compra de 100 aviões da empresa brasileira. A compra da JetBlue é a terceira em importância feita por uma companhia aérea americana à Embraer neste ano, depois da US Airways (85 aviões) e da Republic Airways (12 aparelhos), que fizeram suas encomendas em maio de 2002.

Nova York (AFP) – Se os compradores transformarem em pedidos firmes as opções de compra previstas pelos contratos, a Embraer terá uma encomenda total nos Estados Unidos, no primeiro semestre, de 402 aviões.

Com o acordo com a JetBlue, o volume de negócios da Embraer no mercado americano será aumentado. Até o momento, os Estados Unidos respondem por 67% das vendas da companhia brasileira, colocando-a como a quarta empresa mundial de aviação, atrás da americana Boeing, da européia Airbus e da canadense Bombardier.

A notícia chega uma semana depois de a Embraer anunciar a instalação de uma fábrica nos Estados Unidos para produzir aviões destinados aos mercados de defesa e segurança nacional, cujos orçamentos foram aumentados com a chegada à Presidência de George W. Bush.

A nova fábrica da Embraer será na cidade de Jacksonville, na Flórida (Sudeste), no Cecil Commerce Center (uma antiga base militar da marinha americana).

A JetBlue encomendou 100 unidades do modelo Embraer 190, no valor de 3 bilhões de dólares. As entregas estão previstas para começar em 2005. O contrato contempla uma opção de compra de outras 100 unidades, num negócio que poderá chegar a 6 bilhões de dólares, se todas as encomendas forem confirmadas.

Novo modelo

As entregas dos aparelhos com pedido firme começarão em 2005 e se estenderão até 2011, data a partir da qual os demais aviões seriam entregues.

Além do aspecto financeiro, a negociação serve para a Embraer colocar no mercado pela primeira vez seu modelo 190, um avião de capacidade média (entre 70 e 110 lugares) que se adapta às necessidades de um país que busca aviões menores e trajetos mais curtos desde os atentados de 11 de setembro de 2001.

O risco de estrear um novo modelo de avião é reduzido pelo fato de o Embraer 190 ser 90% semelhante ao Embraer 170, já em circulação.

A JetBlue decidiu-se pelo modelo brasileiro em vez do Airbus A-318 porque “quando se reduz (o tamanho) de um avião ou se aumenta, ele passa a ser menos eficiente”, disse David Neeleman, presidente da empresa (o A-318 é uma versão reduzida do A-320).

Antes da JetBlue, a US Airways encomendou no mês de maio à Embraer 85 aparelhos para vôos regionais por um valor de 2,1 bilhões de dólares. A US Airways, que acaba de sair de uma falência, assinou uma opção com a Embraer de 190 aviões.

Também em maio a companhia aérea americana Republic Airways Holdings anunciou a compra de 12 aviões Embraer 145 por um valor de 240 milhões de dólares, resultado de uma opção de compra transformada em pedido firme.

No primeiro trimestre deste ano, a Embraer teve lucros de 43,9 milhões de dólares, 35% a menos do que os 67,7 milhões obtidos no mesmo período de 2002, embora na conversão para reais a empresa tenha se beneficiado da desvalorização da moeda brasileira. Ou seja, a empresa teve um aumento de 11,9%.

Criada em 1969 pelo governo e privatizada em 1994, a Embraer está principalmente nas mãos do capital brasileiro. 20% da empresa são controlados pelas francesas Aerospatiale-Matra, Dassault Aviation e Snecma et Thomson-CSF.

Anúncio se reflete na Bovespa

O anúncio de um contrato bilionário pela Embraer impulsionou ontem o mercado brasileiro de ações, levando a Bovespa a fechar em alta de 0,35%, apesar do movimento remanescente de realização de lucros (vender as ações para embolsar o ganho em relação ao preço de compra).

Durante o pregão, o principal índice paulista chegou a subir até 1,63%, rompendo a barreira de 14.000 pontos, na máxima de 14.072 pontos. Mas não sustentou e finalizou aos 13.893 pontos.

Um dado que desagradou parte do mercado foi a inflação oficial de maio, que ficou em 0,61%, acima das projeções. O Citibank esperava, por exemplo, um índice de 0,50%. O Unibanco projetava o IPCA de maio em 0,40%.

O indicador fortaleceu os argumentos de quem descarta um corte dos juros no próximo dia 18 pelo Copom (Comitê de Política Monetária).

Mas a estrela do dia foi a Embraer. A ação preferencial da empresa disparou 16,6% e terminou cotada a R$ 13,87. Foi a maior valorização do dia. O papel foi a segunda mais negociada -R$ 99,987 milhões ou 13,4% do volume total da Bolsa (R$ 850,5 milhões). Já a ação ordinária saltou 12,6%, para R$ 11,22, a segunda maior valorização.

O motivo para essa euforia foi o anúncio de que a empresa aérea americana JetBlue encomendou cem jatos, um contrato de US$ 3 bilhões, e sinalizou que pode adquirir mais cem aeronaves no futuro.

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