Embargo australiano à carne é “boato”, diz CNA

Brasília (AE) – O presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira, classificou como "ridículo" o rumor publicado na imprensa australiana de que aquele país teria suspendido as importações de carne do Brasil. Para ele, um possível embargo da Austrália deve ser classificado como retaliação comercial. "Não exportamos um grama de carne para a Austrália. Não temos acordo comercial para esse tipo de venda com eles. É ridículo", comentou Nogueira.

"Os australianos estão bravos porque tomamos o lugar deles no ranking mundial de maiores exportadores de carne bovina", comentou. "Eles querem chamar atenção de outros importadores de carne do Brasil e prejudicar nosso comércio." A Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura não foi notificada de um possível embargo. Veterinários da secretaria e o representante do fórum lembram que o Brasil não comercializa carne com a Austrália, que é auto-suficiente.

Desde 2003 o Brasil ocupa o posto de maior exportador mundial de carnes, lugar até então ocupado pela Austrália. Os Estados Unidos ocupam a terceira colocação. No ano passado, as exportações brasileiras de carne bovina somaram 1,3 milhão de toneladas em equivalente carcaça (sem osso) e renderam US$ 1,5 bilhão ao País, números superiores aos da Austrália.

Um período de seca nas regiões australianas de produção resultou na redução do rebanho. Para 2004, a CNA estima, com base em indicações do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que a Austrália vai exportar 1,3 milhão de toneladas de carne bovina, especialmente para Japão e Coréia do Sul, mercados ainda inacessíveis para o Brasil.

Os números mais recentes indicam que as exportações de carne bovina da Austrália somaram 1,07 milhão de toneladas no acumulado do ano até outubro. Para efeito de comparação, em igual período, o Brasil vendeu 1,504 milhão de toneladas de carne bovina, comércio que rendeu US$ 2,02 bilhões.

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) informou, na primeira quinzena de dezembro, que as exportações de carne bovina em 2004 devem render US$ 2,4 bilhões. Para 2005, a Abiec estima crescimento de 10% no faturamento para US$ 2,64 bilhões. "A Austrália quer é tumultuar o comércio mundial", esbravejou Nogueira.

Jornais noticiaram que o governo australiano determinou a suspensão por conta da suspeita, ainda não confirmada, de um foco de febre aftosa no município de Paranhos, no Mato Grosso do Sul. O rebanho de 50 cabeças está isolado, o quadro clínico dos animais não evoluiu, não há sinais de aftas na boca, um forte indicador da doença e a análise do material genético deve ser concluída na primeira quinzena de janeiro. A fazenda fica na fronteira com o Paraguai.

Fontes do Mato Grosso do Sul argumentam que o Ministério da Agricultura deveria agilizar a conclusão da análise do material genético retirado dos animais. "Só assim poderíamos acabar com qualquer suspeita", comentou uma fonte. Os exames estão sendo feitos no Laboratório de Apoio e Referência Animal (Lara), de Belém, Pará. Nogueira avaliou, no entanto, que essa não é a saída. "Não podemos acelerar o processo. A análise precisa ser bem feita", comentou.

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