Em ano instável, Boticário prevê faturamento recorde

O Boticário vai fechar 2002 com o maior faturamento anual dos 25 anos de história da fábrica, com crescimento estimado de 26% sobre o desempenho apurado no ano passado, de R$ 377 milhões. De janeiro a outubro, a receita somou R$ 360,5 milhões, 30,61% a mais que no mesmo período de 2001 (R$ 276 milhões). Já o volume de vendas da rede de lojas franqueadas deve atingir R$ 1,2 bilhão – 21,6% mais que os R$ 985 milhões de 2001. A perspectiva da empresa é encerrar o ano com lucro líquido 11,2% superior ao do último ano, que ficou 8,7% acima do de 2000. “É uma performance excepcional num período crítico, de economia instável”, comemora a diretora financeira e de infra-estrutura de O Boticário, Maria Carolina Zani, responsável direta pelos números positivos.

“Esse ano foi o ano das finanças, da gestão do caixa”, define a diretora. “A característica da gestão financeira esse ano foi antecipar questões, medir o risco do mercado todo dia e tomar decisões antes de passar pela contabilidade. Foi o matar um leão por dia ou quantos fossem necessários”, cita Maria Carolina. O cenário econômico adverso não impediu a efetivação dos projetos previstos. “Conseguimos driblar a situação externa e fizemos da crise uma oportunidade de aprendizado interno. Mantivemos o controle da operação e não paramos os investimentos. Teve um momento crítico com o dólar disparando em que adotamos contingências, mas mesmo assim trabalhamos mais do que prevíamos apesar da situação ter ficado mais instável do que imaginávamos”, relata.

Alguma fórmula mágica para o sucesso? “Não ficar reféns da situação externa e ter governabilidade sobre o destino da organização”, afirma Maria Carolina. “A empresa remunera seu patrimônio líquido acima da média de mercado. Estamos crescendo não só em volume financeiro como ganhando competitividade”. Para alcançar esse bom desempenho, O Boticário focou os processos internos de ganhos de produtividade e eficiência operacional ao mesmo tempo em que lançava novos produtos e investia em novas tecnologias e na qualificação de pessoas.

Diante de um quadro turbulento na economia mundial, a empresa ampliou participação de mercado e abriu novos mercados. A primeira loja no México foi inaugurada no dia 29 de agosto. Das 110 lojas novas previstas para 2002, 92 já foram inauguradas, elevando a rede para 2.136 pontos de venda no Brasil e 72 no exterior. Na indústria em São José dos Pinhais e nas lojas próprias, O Boticário gera 1.350 empregos diretos. Os empregos indiretos são cerca de 10 mil.

Todas as metas financeiras traçadas por Maria Carolina para 2002 estão sendo ultrapassadas. No acumulado de janeiro a outubro, a receita adicional foi de 3,2% (R$ 11 milhões) sobre o faturamento esperado de R$ 349 milhões. O Boticário estimava ampliação de 9% no lucro líquido, mas esse número deve chegar a 11,2%. “O resultado líquido está 23% acima do previsto porque temos uma gestão mais concentrada na melhoria interna de custos e produtividade, como o projeto Kaizen”, salienta a diretora. A exportação de produtos de perfumaria, higiene e cosméticos representa hoje menos de 2% do faturamento da empresa, mas a meta é chegar a 6% em cinco anos.

Perfil de quem conquistou a premiação

Olavo Pesch

A performance de O Boticário nesse ano rendeu à diretora financeira o prêmio “O Equilibrista de 2002”. O troféu, criado em 1985 pelo IBEF/PR (Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Paraná), será entregue na próxima quinta-feira, no Clube Curitibano. O objetivo da premiação é homenagear os profissionais de finanças de destaque, reconhecendo a coragem, objetividade, racionalidade e equilíbrio.

Com 45 anos, 21 anos casada, 26 anos de carreira profissional (dos quais 19 em O Boticário), Maria Carolina Zani bacharelou-se em Ciências Contábeis em 1980, com especializações em Engenharia Econômica, Engenharia de Produção, Direção Estratégica e MBA Controladoria.

“Para mim, o prêmio representa o reconhecimento de 26 anos de carreira e a liderança do processo de gestão financeira da empresa. O nome do prêmio é muito sugestivo porque fala do equilíbrio quantidade versus qualidade do resultado de curto e médio prazo. Nossa gestão comprova a geração de riqueza para a empresa e a sociedade, com crescimento contínuo, a ponto de O Boticário reinvestir e empregar mais gente. É o desenvolvimento com equilíbrio”, comenta.

Na opinião de Maria Carolina, “o prêmio comprova os valores da empresa e a forma de atuar com os públicos interno e externo, valorizando as pessoas da casa”. Ela faz questão de compartilhar o prêmio com a equipe de trabalho. “O prêmio reconhece uma competência da minha gestão, mas é a somatória de competências da empresa que tem o mérito desse resultado”. Debaixo da diretoria dela estão quatro gerências (contabilidade, finanças, planejamento empresarial e assessoria jurídica) e um grupo de quase oitenta pessoas.

“O equilibrista é aquele que tira proveito de todas as situações. Não se pode conseguir resultados perdendo inovação ou participação de mercado. A empresa tem pessoas com talento, produtos bonitos, mas tem um processo integrado de gestão, preocupado com a responsabilidade social. É uma empresa que planeja e se vê”, finaliza.

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