Elevação do dólar poderá afetar preços

São Paulo

(AE) – A inflação na cidade de São Paulo se manteve estável nos três últimos meses e fechou maio em 0,06%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe). A perspectiva para este mês é de que o custo de vida seja ligeiramente maior e atinja 0 20%.

A partir de agora, a preocupação maior é o estrago que a alta do dólar poderá provocar nos índices de custo de vida em julho e agosto por causa do impacto nos preços administrados, como o da eletricidade e dos combustíveis.

“Combustível é dólar na veia”, afirma o coordenador do IPC-Fipe, Heron do Carmo. Ele pondera, no entanto, o fato de que o petróleo está em queda no mercado internacional. No caso da energia elétrica, cujos custos estão atrelados à moeda estrangeira, há um rejuste previsto para o fim de junho que certamente terá reflexos no mês seguinte. “As tarifas de energia elétrica e a gasolina me preocupam”, afirma Heron.

Para o economista, a alta atual do dólar não terá reflexos nos preços livres. Ele lembra que, no ano passado, quando a moeda americana disparou, vários preços de mercado foram reajustados. De lá para cá, mesmo com o recuo do câmbio, esses preços não diminuíram. Portanto, existiria hoje margem para absorver essa nova rodada de aumento de custos. O coordenador do IPC-Fipe destaca ainda que a economia real segue em ritmo normal e não oscila de acordo com a volatilidade do mercado financeiro. “Nada justifica a especulação sobre a alta do dólar.”

De fato, o risco de pressão é maior sobre os preços administrados que neste ano deverão responder por cerca da metade da inflação estimada em 4%. Em 2001, a fatia dos preços públicos foi menor. De uma inflação de 7,13%, eles responderam por três pontos porcentuais. “O único foco de pressão até o fim do ano são as tarifas públicas, mas elas irão subir bem menos do que em 2001”, diz Heron.

Ao contrário do ano passado, quando a volatilidade do câmbio foi produto das incertezas externas, como o desaquecimento da economia dos Estados Unidos e a crise Argentina, o economista observa que o cenário atual resulta de problemas internos, como as incertezas políticas e o ajuste no mercado de fundos de investimento. “Na economia real não há nada de ruim”, afirma Heron.

Os três meses consecutivos de estabilidade do IPC-Fipe ensejam otimismo para os índices de inflação neste ano, diz o coordenador da Fipe. O resultado de maio, de 0,06%, alcançado especialmente por causa do recuo dos preços dos alimentos (-0 35%) e da habitação (0,09%), é bem menor do que o registrado no mesmo período do ano passado (0,17%).

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