Efeitos da crise financeira preocupam norte-americanos

Os norte-americanos estão assustados com os efeitos da crise financeira e tentam agir o mais rápido possível para não ter prejuízos. Na sexta-feira (26), dia seguinte falência de mais um banco, o Washington Mutual, o estudante Akeem Scott, correntista da instituição, correu a uma das agências para tirar todo o seu dinheiro. Ele e a namorada vão aplicar em outro banco.

“Estou com medo de perder meu dinheiro, confessa. Mesmo trocando de banco, ele ainda não se sente totalmente seguro e garante que se for preciso, vai guardar todo o dinheiro em um cofre, dentro de casa. É o único meio seguro”, lamenta.

O mensageiro Alexander Altuu concorda. Ele não tem conta em nenhum banco, pois prefere ter acesso fácil ao seu dinheiro. “Não acredito em ninguém cuidando do meu dinheiro”, diz. Ele acha que a crise vai ficar ainda pior e critica o dinheiro gasto pelo governo com a guerra.

A consultora Angela Dimos está numa situação mais confortável, pois é correntista do banco JPMorgan Chase, que comprou o Washington Mutual. “Espero que não eu tenha que trocar de banco”, diz. Ela espera que a crise seja resolvida o mais rápido possível. “Não há muito o que fazer, apenas aceitar e tomar as decisões certas”, diz.

Nas ruas de Nova York também é possível encontrar protestos ao pacote de salvamento financeiro apresentado pelo governo ao Congresso. Em Wall Street, centro financeiro dos Estados Unidos, um grupo de manifestantes com máscaras e roupas pretas carregavam cartazes com frases contra o governo de George W. Bush.

Laura Arbeiter, da organização The Critical Voice, criticou o fato de o governo estar usando dinheiro público para salvar instituições financeiras falidas. Para ela, não é mais possível acreditar no sistema financeiro americano. “Eles estão em apuros e agora pedem o nosso dinheiro e para confiar no nosso Tesouro”, argumenta.

Segundo ela, é preciso entender os valores que levaram a essa crise antes de gastar mais dinheiro para tentar resolvê-la. “Não é apenas uma questão monetária, é uma questão humanitária”, afirma.

Em uma pesquisa divulgada esta semana pelo jornal Washington Post, 52% dos entrevistados acham que a economia está em sério declínio nos Estados Unidos.