Edemar Ferreira é indiciado pela Polícia Federal

São Paulo ( AG) – O banqueiro Edemar Cid Ferreira, ex-dono do Banco Santos, liquidado em maio pelo Banco Central, prestou depoimento ontem, na Polícia Federal (PF). Ferreira foi indiciado por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, prestação de informação falsa, manutenção de contabilidade paralela (caixa dois) e evasão de divisas. No total, mais de cem pessoas, entre clientes e funcionários do Banco Santos, já foram ouvidas pela Polícia Federal, das quais 19 foram indiciadas.

Durante o depoimento, Ferreira não respondeu a nenhuma pergunta feita pelo delegado Ricardo Saad, que cuida do caso. Ele ficou cerca de 35 minutos na sede da PF. Segundo o advogado Arnaldo Malheiros, o banqueiro não forneceu informações porque não teve acesso aos autos do processo do banco, liquidado em maio depois de ter ficado sob intervenção do BC desde novembro de 2004.

A instituição controlada pelo banqueiro deixou um rombo de R$ 2,230 bilhões, mais de três vezes o valor inicial estimado em R$703 milhões. Os ativos (operações de crédito), no entanto, cobrem somente 25,15% do que os credores têm a receber. O interventor do banco – que comprovou a existência de gestão fraudulenta – entrou com pedido de falência do Santos na Justiça.

Desde março, a pedido do Ministério Público Federal (MPF), a divisão de crimes financeiros da PF conduz inquérito para apurar as práticas de gestão no Santos. No mês passado, parte do patrimônio do banco foi leiloada. O total arrecadado não chega a 0,5% da dívida do banco.

Em março, o MPF já havia conseguido na Justiça o bloqueio dos bens do banqueiro, que incluem várias obras de arte e a mansão avaliada em R$ 50 milhões. A Justiça ainda vai decidir o que será feito com esse patrimônio.

A previsão da Polícia Federal é de conclusão do inquérito em 10 dias, tempo necessário para ouvir mais alguns depoimentos e decidir se pede ou não a prisão preventiva dos envolvidos.

Conhecida como Lei do Colarinho Branco, a lei 7.482 prevê pena de até 12 anos de prisão para casos de gestão fraudulenta de instituições financeiras.

Rombo

Os rumores sobre a insolvência do Banco Santos começaram em outubro do ano passado, provocando ondas de saques de correntistas. No dia 12 de novembro, o Banco Central (BC) decretou a intervenção na instituição financeira. A primeira estimativa era de um rombo de R$ 700 milhões. Em maio, esse valor saltou para R$ 2,23 bilhões, segundo cálculos do interventor nomeado pelo BC. 

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