Economia paranaense não cresceu como o esperado

Com as atividades econômicas praticamente encerradas no ano, a previsão é que o Estado feche com um Produto Interno Bruto (PIB) praticamente igual ao do ano passado. A variação próxima de zero é resultado de quedas nos desempenhos da indústria e no setor agropecuário, compensados por crescimento no comércio e serviços, e contraria previsões divulgadas na metade do ano, de que o Paraná fecharia 2009 com crescimento de 1% no índice. Em 2008, o PIB estadual fechou em R$ 168,78 bilhões, com um crescimento de 5,8% – superior ao nacional, de 5,1%.

Na avaliação do economista Julio Suzuki, coordenador de conjuntura do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), prever um valor exato para o PIB ainda é complicado, porém ele afirma ser razoável presumir que o Estado deve seguir os índices nacionais. “É difícil cravar um número mas, diante de outros indicadores, a ideia é que o Paraná acompanhe o desempenho nacional. Ou seja, não vai ter crescimento. A variação com certeza será ao redor de zero”, afirma.

Para Suzuki, o desempenho da indústria estadual, embora negativo, ainda é o segundo melhor do País. Mesmo assim, o setor sofreu com a crise durante o ano todo, principalmente “porque tem um elevado coeficiente de exportação”. Os desempenhos que mais derrubaram os índices da indústria no ano, segundo ele, foram dos setores madeireiro e automotivo. “São justamente os que exportam muito”, diz. Por outro lado, áreas como a de produtos químicos e edição e impressão, esta fortemente ligada a encomendas governamentais de materiais didáticos, evitaram números piores.

Os números do comércio exterior apresentados pela indústria ajudam a entender a queda do PIB industrial paranaense em relação ao ano passado. De janeiro a novembro deste ano, as exportações foram quase 27% menores que no mesmo período de 2008, de acordo com a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep). O valor, até novembro, chegou a US$ 10,4 bilhões. No ano passado, até o mesmo mês, as indústrias já tinham vendido US$ 14,3 bilhões ao exterior.

O menor ritmo de exportações, resultante da crise, também afetou, segundo o economista do Ipardes, os números da agropecuária paranaense, setor que mais puxou o crescimento do PIB estadual em 2008. Ele explica, porém, que o fato não afetou o setor tanto quanto a indústria. Mesmo assim, o fator clima acabou pesando e causando uma safra mais fraca, principalmente de soja e milho. Nem uma produção de carnes em “patamar razoável”, na avaliação de Suzuki, conseguiu manter os índices positivos. “Quando algumas culturas vão mal, dificilmente o PIB agropecuário se segura”, conclui.

Serviços

Em contrapartida, lembra Suzuki, o setor de serviços (no qual estão incluídos o comércio atacadista e varejista, a administração pública e o sistema financeiro, entre outros) cresceu no Estado durante o ano, compensando de certa forma as quedas na indústria e na agropecuária. Ele aponta como motivo o fato de ambos serem mais voltados ao mercado interno, que foi pouco afetado pela crise. “O crescimento também foi acentuado pelos programas governamentais, nacionais e estaduais, implantados durante o ano”, ressalta.

Como resultado, o economista afirma que o setor de serviços deve aumentar para além de 60% sua participação no PIB estadual. Para ele, esse aumento é uma tendência que deve continuar nos próximos anos. “No futuro, é possível prever um peso cada vez maior dos serviços no Paraná”, observa. Os números finais do PIB de 2009 devem ser divulgados em março, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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