Economia fraca e Lava Jato não tiraram interesse por Brasil na OTC

O interesse de investidores e empresas estrangeiras em atuar no Brasil acabou surpreendendo os representantes do País na Offshore Technology Conference (OTC), maior feira de petróleo do mundo, que termina nesta quinta-feira, 7,e atraiu cerca de 110 mil participantes. Mesmo com o preço baixo da commodity no mercado internacional e a economia brasileira desaquecida, foram vários pedidos de reuniões, lotações esgotadas nos eventos do País e agenda cheia dos executivos da Petrobras desde segunda-feira, 4.

A sinalização dada pelo governo de que mudanças na política de conteúdo local vão vir já para a 13ª leilão de concessão de petróleo e gás, previsto para o dia 7 de outubro, foi um dos fatores que ajudaram a despertar o interesse pelo Brasil, de acordo com representantes brasileiros na feira ouvidos pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. Outro fator foram as opiniões favoráveis, incluindo do ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, de que a Petrobras tenha direito de recusa em participar de leilões do pré-sal, não sendo assim o operador único.

“Houve muito movimento atrás de joint venture”, afirmou o superintendente da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), Bruno Musso. “Me surpreendeu que a procura por Brasil tenha sido bastante forte”, disse ele, ressaltando que ainda não contabilizou os números finais da feira.

“A sinalização de melhoria dos termos do ambiente regulatório brasileiro é o que tem causado maior interesse”, afirma o conselheiro do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), João Carlos de Luca. “Potencial exploratório temos e é inigualável. O governo admitir flexibilização do conteúdo local e do operador único (no pré-sal) foi o que mais impactou positivamente”, completou.

Para o secretário geral do IBP, Milton Costa Filho, a criação de um ambiente regulatório mais favorável no Brasil certamente vai ajudar a atrair mais investidores. “Dada a situação aqui (nos EUA) é óbvio que eles vão buscar ampliar seus negócios em outros mercados.” Para Costa Filho, a agenda lotada dos executivos do Brasil, incluindo os da Petrobras, com empresas e investidores durante todo a OTC é um dos termômetros do interesse no país.

Para o superintendente da Onip, como a Petrobras ainda não divulgou seu novo plano de negócios, é difícil ter uma visão mais clara de como vai ficar o mercado brasileiro. Mas mesmo que os investimentos da companhia caiam pela metade, o volume que fica ainda é muito relevante e atrativo para os estrangeiros. Além disso, ele ressalta que os próprios gastos operacionais e com manutenção de equipamentos, devem movimentar bilhões.

O subsecretário estadual de Energia, Logística e Desenvolvimento Industrial do Rio de Janeiro, Marcelo Vertis, contou que o Sebrae do Estado trouxe para a OTC 22 pequenas e médias empresas do setor de óleo e gás para desenvolver negócios. A rodada de conversas atraiu 65 companhias dos EUA.

O Brasil teve um estande na feira, organizado pela IBP e a Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (Apex). No pavilhão, havia 46 empresas e instituições, como a Federação das Indústrias do Rio (Firjan). Em outubro, será realizada a OTC Brasil, no Rio.

Lava Jato

O superintendente da Onip contou que teve uma série de reuniões nos últimos dias com empresas e nos encontros não houve questionamentos sobre a operação Lava Jato e as denúncias de corrupção na Petrobras. Nas apresentações da Petrobras na OTC acompanhadas pelo Broadcast o tema também não foi abordado em perguntas dos investidores e empresários, que se mostraram mais curiosos sobre a legislação brasileira e as especificidades do setor de óleo e gás no país.

O assessor da presidência da Petrobras para Conteúdo Local, Paulo Alonso, disse que a companhia saiu do Rio com uma agenda mais ou menos estruturada para a OTC. “Mas depois apareceram muitas demandas de empresas pedindo para se reunirem conosco”, disse ele. “Viemos para cá um pouco reticentes porque os nossos indicadores macroeconômicos estão complicados, o país não está crescendo”, ressaltou. A petroleira participou com um estande na feira e recebeu o principal prêmio da OTC, pela exploração do pré-sal.

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