Economia começa reagir, mas 2003 “está perdido”

Apesar dos tímidos sinais de reativação que começaram a surgir nas últimas semanas, a economia brasileira ainda deve apresentar neste ano um crescimento inferior ao de 2002. Essa é a previsão de 24 economistas-chefes de instituições financeiras que foram consultados pela Ancham (Câmara Americana de Comércio) para a elaboração da 6.ª Rodada de Prognósticos da Economia Brasileira. Segundo o estudo, divulgado ontem, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro deve crescer 1,49% no primeiro ano do governo Luiz Inácio Lula da Silva.

O resultado é inferior ao registrado no ano passado (1,52%) e também menor que a média dos oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso (2,29%). Além disso, também fica abaixo da média na chamada “década perdida” (81-90), quando a expansão anual foi de 1,57%.

Reação

Apesar de pífio, o crescimento projetado para este ano só será possível porque a economia brasileira passou recentemente a dar tímidos sinais de reativação, já como efeito dos três cortes nos juros realizados nos últimos três meses.

Depois do fundo do poço que foi o segundo trimestre do ano, alguns indicadores preliminares começaram a melhorar no fim desse período, entre eles o número de horas trabalhadas, a fabricação de bens duráveis e a produção e a venda de carros.

A Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), por exemplo, afirmou que a produção aumentou em julho na comparação com junho e que o mesmo deveria acontecer neste mês.

Já estudo do economista Andrei Spacov, do Unibanco, mostra um crescimento de 2,6% na produção de bens duráveis no mês de junho em relação a maio.

Um último sinal de reação foi dado pelo setor de papelão ondulado, cujas vendas cresceram 5% em julho na comparação com o mês anterior.

Crescimento pífio

A Ancham, entretanto, acha que a recuperação da economia brasileira ainda não é “adequada”, o que é resultado, principalmente, da demora do Banco Central para começar a reduzir a taxa básica de juros da economia brasileira.

“A política de cunho essencialmente monetarista aplicada já há alguns anos pelo governo federal, no sentido de manter uma imagem externa favorável, não tem permitido um crescimento adequado para a economia brasileira”, diz a Ancham.

A entidade chega até mesmo a questionar a capacidade de arrecadação do governo com o atual cenário de desaquecimento econômico, o que poderia criar problemas futuros com o FMI (Fundo Monetário Internacional).

Mais indicadores

No estudo, a Ancham também prevê que os dois principais índices de inflação brasileiros ficarão próximos de 10% neste ano. O IPCA, que serve de base para as metas estabelecidas pelo FMI, ficará em 10,38%, enquanto o IGP-M, medido pela Fundação Getúlio Vargas, será de 9,75%.

Além disso, os economistas ouvidos pela Ancham também acreditam que no final deste ano o dólar estará valendo R$ 3,19, a taxa Selic de juros estará em 20% ao ano e o risco-país será de 707 pontos. Já o desemprego terá caído dos atuais 12,8% para 11,95% da População Economicamente Ativa.

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