Dólar acumulou queda de 1,7% na semana

O feriado prolongado de Carnaval parece que foi suficiente para minimizar a crise política provocada por denúncias de corrupção que envolvem pessoas ligadas a integrantes do governo Lula. O dólar carimbou ontem sua quarta queda consecutiva. A moeda fechou a R$ 2,908, com baixa de 0,91% no dia e desvalorização acumulada de 1,69% na semana. No mês, a moeda teve desvalorização de 0,82% em relação a janeiro.

“O dia foi muito tranqüilo. O mercado deu uma acalmada em relação aos ruídos políticos”, disse Jorge Kattar, da mesa de derivativos do banco Rabobank.

De acordo com ele, o fluxo positivo no câmbio vem sendo sustentado ainda pela ação de exportadores, que entram no mercado para vender dólares e fazer caixa. “O resultado da balança comercial, sem dúvida, está ajudando.”

A balança comercial brasileira acumula no ano, até 22 de fevereiro, superávit de US$ 3 bilhões. O BC espera um saldo positivo de US$ 20 bilhões para o ano.

Analistas avaliam também que o mercado está passando por uma correção, após o nervosismo das duas semanas anteriores por conta de denúncias de corrupção que envolveram o ex-assessor do ministro da Casa Civil, José Dirceu.

Na semana passada, por exemplo, a cotação do dólar subiu 1,7%.

Risco latino

A crise política no Brasil ajudou a piorar a percepção de risco dos países latinos. A taxa de risco da região subiu 7,3% desde a primeira denúncia envolvendo o ex-assessor do Planalto, Waldomiro Diniz, divulgada no último dia 13.

Esse percentual corresponde a mais do que o dobro do registrado pelas economias asiáticas, cujo risco subiu 3,3%, e vai na contramão do risco africano, que caiu 1,7%. No período, a taxa dos europeus avançou 4,3%.

Esse movimento acontece, segundo analistas, porque o Brasil tem um peso importante nesse indicador. A queda, inclusive, só não foi maior por conta de notícias positivas vindas do Equador. O País teve o “rating” (avaliação) melhorado pela agência de classificação de risco Moody?s no começo desta semana.

Para se ter uma idéia, somente no Embi+ do banco americano JP Morgan, que lista as principais economias emergentes, a participação dos papéis brasileiros é de 23%.

México e Rússia, ambos países considerados “investment grade” (baixo risco de investimento), têm participação média de 19% cada um. Os negócios com papéis da Turquia, por exemplo, que tem o maior peso depois de Brasil, México e Rússia, correspondem a 7% do total.

Para os analistas, esse movimento não reflete apenas a crise política no Brasil, mas também o ambiente de maior aversão a risco que tomou conta dos investidores desde de que o Fed (Federal Reserve, BC dos EUA) deu sinais de que poderá aumentar juros neste ano.

“Isso (possibilidade de alta dos juros nos EUA) fez com que o mercado aproveitasse para sair dos emergentes. Neste momento, a crise política vem em segundo lugar”, afirma o economista do Banco Fibra, Guilherme da Nóbrega.

Na última quarta-feira, o presidente do Fed, Alan Greenspan, disse estar preocupado com o efeito negativo que o déficit orçamentário dos EUA poderá ter sobre a inflação, mas não descartou a possibilidade de uma alta dos juros nos próximos meses.

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