Dólar a R$ 3 favorece retomada da economia

A trajetória de queda do dólar – que em um mês caiu de R$ 3,50 para o patamar de R$ 3 – reduz os ganhos dos exportadores e favorece as importações. Mas isso não quer dizer que as empresas que vendem para o exterior tiveram prejuízos. Pelo contrário, já que, dependendo da aplicação financeira, é possível recuperar a diferença cambial em pouco tempo, por causa dos juros altos. Para economistas ouvidos por O Estado, a moeda norte-americana cotada a R$ 3 significa o ponto de equilíbrio para a economia brasileira retomar o crescimento e representa o nível ideal para as exportações.

“Evidentemente que a primeira conta que se faz é cair a perspectiva de rentabilidade do exportador. Principalmente os de produtos básicos e semimanufaturados do Estado terão a perspectiva de receita frustrada com essa redução do dólar”, comenta o economista Gilmar Lourenço, professor da FAE Business School. Ele destaca que os grandes grupos empresariais, que efetuam transações com o mercado internacional, têm a vantagem de importar insumos, peças e componentes com menor preço em reais.

Outro aspecto a ser considerado nessa análise, diz Lourenço, é que as grandes empresas tinham consciência clara de que a cotação ao redor de R$ 3,50 era superestimada, não condizente com a realidade do mercado cambial brasileiro. Segundo estudos, se considerado o lançamento do real o momento zero do problema do câmbio (quando havia paridade de 1 para 1 com o dólar), incorporando a inflação de julho de 94 a março de 2003 e descontando os ganhos de produtividade no setor industrial, o câmbio bom estaria ao redor de R$ 3. “Se o dólar estabilizar em R$ 3, não causa nenhum prejuízo ao exportador. Se despencar, começa comprometer uma série de investimentos feitos nessa expectativa de melhoria das vendas internacionais do País e do Estado”, aponta o professor.

Lourenço salienta ainda que normalmente os exportadores não injetam imediatamente os recursos das vendas externas na cadeia, com compra de máquinas, por exemplo. “Com o juro alto, o exportador pode receber a quantia em reais equivalente ao dólar que exportou, compensando a suposta perda no câmbio com aplicações nos fundos de renda fixa que lastreiam a rolagem da dívida pública”, ressalta. Para o consumidor, o impacto mais imediato da redução do dólar será a diminuição da pressão sobre a inflação. Além disso, diz o professor, a queda abre espaço para a Selic cair daqui para a frente. “O governo deveria aproveitar o momento favorável e inserir o viés de baixa na próxima reunião do Copom, para sincronizar melhor câmbio e juros.”

Na avaliação de Lourenço, a retração da moeda norte-americana está atrelada à melhoria das contas externas, por causa dos superávits acima das expectativas na balança comercial brasileira; ao fim da aversão mundial ao risco, “já que a guerra não causou o estrago imaginado”, e à taxa de juro extremamente elevada que o Brasil paga, três vezes acima dos demais países emergente

A trajetória de queda do dólar – que em um mês caiu de R$ 3,50 para o patamar de R$ 3 – reduz os ganhos dos exportadores e favorece as importações. Mas isso não quer dizer que as empresas que vendem para o exterior tiveram prejuízos. Pelo contrário, já que, dependendo da aplicação financeira, é possível recuperar a diferença cambial em pouco tempo, por causa dos juros altos. Para economistas ouvidos por O Estado, a moeda norte-americana cotada a R$ 3 significa o ponto de equilíbrio para a economia brasileira retomar o crescimento e representa o nível ideal para as exportações.

“Evidentemente que a primeira conta que se faz é cair a perspectiva de rentabilidade do exportador. Principalmente os de produtos básicos e semimanufaturados do Estado terão a perspectiva de receita frustrada com essa redução do dólar”, comenta o economista Gilmar Lourenço, professor da FAE Business School. Ele destaca que os grandes grupos empresariais, que efetuam transações com o mercado internacional, têm a vantagem de importar insumos, peças e componentes com menor preço em reais.

Outro aspecto a ser considerado nessa análise, diz Lourenço, é que as grandes empresas tinham consciência clara de que a cotação ao redor de R$ 3,50 era superestimada, não condizente com a realidade do mercado cambial brasileiro. Segundo estudos, se considerado o lançamento do real o momento zero do problema do câmbio (quando havia paridade de 1 para 1 com o dólar), incorporando a inflação de julho de 94 a março de 2003 e descontando os ganhos de produtividade no setor industrial, o câmbio bom estaria ao redor de R$ 3. “Se o dólar estabilizar em R$ 3, não causa nenhum prejuízo ao exportador. Se despencar, começa comprometer uma série de investimentos feitos nessa expectativa de melhoria das vendas internacionais do País e do Estado”, aponta o professor.

Lourenço salienta ainda que normalmente os exportadores não injetam imediatamente os recursos das vendas externas na cadeia, com compra de máquinas, por exemplo. “Com o juro alto, o exportador pode receber a quantia em reais equivalente ao dólar que exportou, compensando a suposta perda no câmbio com aplicações nos fundos de renda fixa que lastreiam a rolagem da dívida pública”, ressalta. Para o consumidor, o impacto mais imediato da redução do dólar será a diminuição da pressão sobre a inflação. Além disso, diz o professor, a queda abre espaço para a Selic cair daqui para a frente. “O governo deveria aproveitar o momento favorável e inserir o viés de baixa na próxima reunião do Copom, para sincronizar melhor câmbio e juros.”

Na avaliação de Lourenço, a retração da moeda norte-americana está atrelada à melhoria das contas externas, por causa dos superávits acima das expectativas na balança comercial brasileira; ao fim da aversão mundial ao risco, “já que a guerra não causou o estrago imaginado”, e à taxa de juro extremamente elevada que o Brasil paga, três vezes acima dos demais países emergentes.

Agronegócio vai perder renda

No agronegócio, a redução do dólar diminuirá a renda dos produtores de produtos exportáveis. “Eles estavam contando com o dólar na faixa de R$ 3,50 em pleno período de safra. Como a expectativa era de câmbio em elevação, poucos fecharam contratos, aguardando o movimento do câmbio”, exemplifica o economista Cid Cordeiro, supervisor técnico do Dieese/PR (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos). Também há perdas porque os insumos foram comprados com dólar alto e a safra está sendo comercializada em valores menores. “Mas como as cotações internacionais subiram muito, eles ainda vendem com bom preço”, diz Cordeiro.

No segmento de carnes, a tendência é retirar a pressão sobre os preços. “Psicologicamente, o produtor faz o cálculo do ativo dele, o boi, em dólar, independentemente de momentos especulativos. Quando o dólar passou de R$ 3,50, deu a impressão de que o boi estava muito barato”, explica o economista Gustavo Fanaya, assessor do Sindicarnes (Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Paraná).

Quando o dólar bateu R$ 3,80, a arroba valia US$ 15. Naquele momento, o pecuarista reteve os animais no campo, diminuindo a oferta e aumentando os preços no atacado e varejo. Hoje, com o dólar a R$ 3, a arroba que ficou estável em R$ 55, passou a valer US$ 18, que é a média histórica. “Com o dólar recuando, não digo que a arroba vá cair, mas deixa de haver a tendência de alta”, aponta Fanaya. Nas exportações, as indústrias deram descontos no momento da alta, que ele acredita que agora serão retirados. “Mesmo assim, o preço continua extremamente competitivo com o dólar a R$ 3, porque os custos internos são menores que os principais competidores.”

Fanaya opina que não é possível usar unicamente o dólar como fator de competitividade nas exportações, mas defende política de aumento de renda que favoreça o mercado interno. “Não é possível ser um grande exportador de produtos alimentícios e o povo morrer de fome”, resume.

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