Dólar a R$ 1,67 reabre debate sobre os efeitos do câmbio

A forte queda do dólar nos últimos dias acirrou novamente o debate sobre os riscos da valorização do real para a economia brasileira. Na quarta, a moeda americana perdeu 0,77% e fechou cotada a R$ 1,671, valor mais baixo desde 18 de maio de 1999. ?O que está ocorrendo é muito grave?, disse o ex-ministro da Fazenda e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Luiz Carlos Bresser-Pereira. ?A taxa de câmbio é o maior equívoco da economia brasileira hoje. É incompatível com o crescimento de longo prazo do País.

O ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola discorda. ?Costumamos atribuir as variações da taxa de câmbio a fatores domésticos, mas isso tem de mudar?, disse. ?A desvalorização do dólar ocorre no mundo todo e não vejo o que o governo possa fazer no curto prazo para alterar essa tendência.? A professora da FGV Eliana Cardoso vai pelo mesmo caminho. ?Há muita especulação contra o dólar no mundo inteiro?, disse. ?O Brasil é especialmente beneficiado porque vive um momento de euforia.? Entre os fatores que ela cita para explicar o otimismo estão o fim do temor de um apagão de energia elétrica já em 2008 e a proposta de reforma tributária do governo que, para ela, ?faz sentido?.

O grande temor de economistas e analistas que pensam como Bresser-Pereira é o de que a valorização do real desestabilize as contas externas e provoque, ainda que lentamente, a desindustrialização do País – pois estimula as importações em detrimento da produção interna. ?O efeito dólar não é imediato. Virá a médio e longo prazos?, disse o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Federação das Indústrias dos Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Francini.

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