Documento defende lucro com soja transgênica

Documento encaminhado ao governador Roberto Requião na última sexta-feira, por representantes do agronegócio do Paraná, mostra que o agricultor paranaense teria uma economia de R$ 748 milhões caso plantasse apenas soja transgênica. “Os números evidenciam, claramente, as vantagens ambientais e sanitárias no plantio da soja transgênica”, afirma ofício que encaminha o estudo, assinado pelos presidentes da Faep, Ágide Meneguette; da Ocepar, João Paulo Koslovski; do Conselho das Sociedades Rurais do Paraná, Edson Neme Ruiz; da Apasem, Ronaldo Vendrame; e da Abrasem, Iwao Miyamoto.

“Julgamos que o Paraná poderia ser pioneiro, no Brasil, na implementação de um programa de rastreabilidade da soja paranaense. Para tanto, anexamos sugestão para ser analisada e discutida e, ao mesmo tempo, nos colocamos à disposição para prestar informações complementares”, afirma a correspondência encaminhada ao governador. O estudo evidencia que a maior economia é feita na redução do uso de herbicidas, totalizando R$ 678,6 milhões.

O estudo

O estudo foi elaborado com a participação da Ocepar, Faep, Sociedades Rurais, Apasem e Abrasem, para subsidiar o pedido para a implementação de um programa de rastreabilidade. As instituições defendem a rastreabilidade com objetivo de atender tanto aos mercados que consomem soja transgênica quanto os que preferem a soja convencional.

Se os agricultores do Paraná plantarem 100% de soja transgênica, terão uma redução da ordem de 13,60% no custo total de produção e de 24,20% no custo variável.

O produtor teria que pagar mais (royalties) pela semente. Dos atuais R$ 115,70/ha passaria para R$ 143,90/ha (tecnológica) para as empresas detentoras da tecnologia. O documento salienta, porém, que “atualmente os produtores já pagam royalties para as empresas de pesquisa referente à proteção de cultivares, de semente produzidas pelas diversas entidades de pesquisa.”

Comparando a redução de custos do cultivo de transgênicos com o valor bruto da produção no Paraná em 2003, temos o seguinte resultado: valor bruto da produção estadual, R$ 28,01 bilhões; a soja participa com 24,7% deste total, ou seja, R$ 6,95 bilhões; redução de custos com o cultivo da soja transgênica de R$ 748,96 milhões; isto representa 10,78% do valor bruto da soja paranaense ou 2,67% do valor bruto da produção paranaense.

Os recursos economizados com o cultivo de transgênicos ficariam no interior do Estado propiciando o desenvolvimento regional e geração de empregos e renda.

O documento conclui que “caso o Paraná plantasse 100% de soja transgênica, somados a economia que teríamos na utilização de herbicidas, combustíveis, custos operacionais com máquinas, equipamentos, etc; e agregando o valor referente a royalties da semente, os números seriam: a) redução de 7.640.000 litros de herbicidas; b) diminuição do risco de intoxicações pela utilização de herbicidas com menor grau de toxicidade; c) redução de R$ 180.830.000,00 nos custos relativos a utilização de máquinas e equipamentos; d) redução de R$ 678.670.000,00 nos custos de utilização de herbicidas; e) aumento do custo da semente de R$ 115,70/ha para R$ 143,90/ha em função da inclusão da taxa tecnológica da semente transgênica.

Isto resulta na redução de custo de R$ 748.960.000,00 ou U$$ 249.650.000,00 com o plantio de 100% de soja transgênica.

Liberados produtos da Monsanto

O órgão especial do Tribunal de Justiça do Paraná manteve, por unanimidade, a decisão da 3.ª Vara da Fazenda Pública do Paraná que autorizou a comercialização e a aplicação, no Estado, dos herbicidas Roundup Original, Roundup Transorb e Roundup WG, produzidos pela Monsanto e utilizados no Brasil como pré-emergentes nas culturas.

O julgamento aconteceu na sexta-feira (2), quando o Órgão Especial do TJ se reuniu para julgar o agravo de instrumento, impetrado pela Monsanto. A primeira decisão favorável à empresa foi em abril deste ano, quando a juíza Elisabeth Nogueira Calmon de Passos, da 3.ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba, concedeu liminar restabelecendo a comercialização e aplicação dos herbicidas.

O governo do Paraná havia determinado, no início de abril, a interdição e proibição de uso e comercialização dos herbicidas fabricados pela Monsanto, alegando irregularidades nas bulas dos produtos. A Justiça considerou que a empresa atende todas as exigências legais para a comercialização de seus herbicidas

Seca castiga o campo

O tempo seco que está impedindo a formação de chuvas no Paraná há mais de quarenta dias, já começa a atrasar o plantio da safra de verão 2004/05 de algumas culturas. As plantações de feijão, batata, fumo, mandioca e cebola por exemplo, que já deveriam estar em fase inicial, ainda não começaram a ser cultivadas por falta de umidade no solo.

A preocupação atinge também os produtores de casulo de seda e os criadores de gado. O ciclo dos casulos, que é iniciado em setembro, dessa vez está sendo prejudicado pela falta de folhas de amora porque a lavoura ainda não se desenvolveu. A pastagem, já danificada pelos períodos de frio intenso, agora também sente o efeito do tempo seco e da estiagem, não servindo de alimento para o gado. Com isso, em algumas regiões, os criadores são obrigados a vender para os frigoríficos um animal com menos peso e a um valor inferior.

As culturas de inverno, como cevada e trigo – que já passaram pelo plantio – também sofrem com a falta de umidade do solo. Nesse caso, com o tempo seco, a plantação não se desenvolve e acaba influenciando na produtividade final. “Já foram registrados alguns casos de perdas na plantação, mas o prejuízo dessa estiagem só poderá ser contabilizado quando voltar a chover”, afirmou o economista do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), Norberto Ortigara.

Tempo

De acordo com o Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar), a partir de amanhã, algumas pancadas de chuva devem ocorrer no Estado, principalmente nas regiões Oeste, Leste (litoral) e na capital. Uma frente fria que se desloca pelo Rio Grande do Sul e Santa Catarina vai atingir o Paraná e a tendência é de que a instabilidade aumente no domingo. A máxima prevista para amanhã em Curitiba é de 30.ºC. “Com o tempo instável, o calor permanece, mas a umidade relativa do ar, que estava baixa, volta a aumentar”, disse o meteorologista, Samuel Braun.

No entanto, destacou Samuel, não se sabe a intensidade das chuvas que devem cair no Estado durante o final de semana. Nas regiões Noroeste e Norte, por exemplo, a alta temperatura deve permanecer, sem previsão de pancadas de chuva. (Rubens Chueire Júnior)

Começa o plantio do milho

O plantio da safra de milho 2004/05 atingiu, na última semana, 1,4% da área estimada no Paraná. A falta de chuvas em todo o Estado está provocando receio, mas ainda não atrasou o plantio, segundo levantamento do Departamento de Economia Rural da Secretaria da Agricultura (Deral). A produção de milho, considerando as condições climáticas normais, está estimada em 7,2 milhões de toneladas, tomando-se uma produtividade média inicial de 5.671 kg/ha.

A estimativa do Deral indica novamente um avanço da produtividade. Na safra 2003/04, a estimativa inicial era de um rendimento médio de 5.482 kg/ha (a produtividade média obtida foi de 5.592 kg/ha). “Isto é um indicativo de que no Paraná os produtores continuarão investindo em tecnologia no plantio de milho”, acredita Vera Zardo, engenheira agrônoma do Deral.

O cálculo é de uma área plantada de 1,28 milhão de ha, o que representa uma redução de área de 5% em relação à safra 2003/04. Segundo Vera, se verifica redução na estimativa de plantio em praticamente todas as regiões do Estado. Na região Norte, a redução é de 14%; no Centro Oeste é de 11%; no Oeste é de 7,5%; no Sudoeste é de 3,3% e na região Sul, de 1,9%.

O Deral registrou crescimento de área apenas na Região Noroeste (15,5%) devido à rotação de cultura nas áreas de arenito, que foram cultivadas com soja nos últimos anos, e também em substituição as áreas com café.

A região Norte está aumentando a produção de soja em 5,3%, enquanto que no Noroeste a área cresce em 2,4%; no Oeste em 1,2%; no Centro Oeste em 2,1%; Sudoeste em 4,3% e no Sul em 3,9%. “A decisão do produtor em optar por soja deve-se a maior estabilidade da cadeia e do mercado, maiores facilidades para entrega e comercialização do produto e, principalmente, a liquidez constante”, explicou a engenheira agrônoma.

Soja

Mesmo com as perspectivas do mercado internacional de milho no médio e no curto prazo serem melhores do que as da soja, a área cultivada com a oleaginosa no Paraná será recorde novamente, ultrapassando 4 milhões de ha.

O destaque nesta safra deve ficar para a região de Ponta Grossa, cuja estimativa de colheita é de 7.000 kg/ha.

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