Difícil acordo para beneficiar montadoras

Para retirar os cerca de 100 mil carros populares encalhados nos pátios das montadoras, governo federal, fabricantes de automóveis e metalúrgicos devem anunciar um plano emergencial que prevê venda de veículos com prestações subsidiadas – em torno de R$ 300 em 48 meses. A negociação depende de o governo – leia-se Ministério da Fazenda, Tesouro e BC (Banco Central) – aceitar diminuir o compulsório recolhido pelos bancos das montadoras para sustentar esse modelo de financiamento.

Os bancos são obrigados hoje a recolher ao BC 60% dos depósitos à vista, ou seja, sobram menos recursos disponíveis para empréstimos, o que torna o crédito para o consumidor final mais caro.

O plano emergencial em discussão prevê financiamento para compra de carros populares com preço de até R$ 17 mil. Estabelece ainda que o comprador pague entrada de 30% do valor do veículo.

Cálculo feito pelo matemático José Dutra Sobrinho, usando o modelo em estudo pelo governo, mostra que o comprador teria de dar uma entrada de R$ 5.100 (ou 30% dos R$ 17 mil). O preço final do carro, nesse caso, seria de R$ 19.500 com 48 prestações de R$ 300 – o que equivale a cobrança de taxa de juros mensais de 0,81% pelos bancos das montadoras.

Evitar demissões

O objetivo do acordo emergencial é manter a produção das montadoras e evitar demissões. O nível de emprego caiu 2,3% nas fábricas (inclui automóveis e caminhões) no mês passado em relação a junho de 2002.

“Várias montadoras anunciaram férias coletivas, e a GM abriu um voluntariado por causa da retração nas vendas. Esse acordo é uma ponte para um plano a longo prazo”, diz Fernando Lopes, presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT.

Até o dia 30 de junho, havia nos pátios das montadoras 161,1 mil veículos. Desse total, cerca de 60% eram de carros populares (até 1.000 cc), outros 39,6% eram de veículos médios (entre 1.000 cc e 2.000 cc), o restante, 0,4%, de luxo. Historicamente, segundo a Anfavea, associação que reúne os fabricantes, essa mesma divisão de faixas se mantém na produção.

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